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    Em meio a paralisação de PMs, RN terá 2.000 militares para conter violência

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA
    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    29/12/2017 13h25 - Atualizado às 16h55

    O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou nesta sexta-feira (29) o envio de 2.000 militares das Forças Armadas para reforçar a segurança no Rio Grande do Norte.

    A medida ocorre após uma escalada nos índices de violência desde o início da paralisação dos policiais militares e bombeiros no Estado, há 11 dias, e devido à proximidade do Ano Novo, quando aumenta o fluxo de turistas na região.

    Avener Prado/Folhapress
    Em janeiro de 2017, tropas do Exército já foram enviadas a Natal para conter a violência
    Em janeiro de 2017, tropas do Exército já foram enviadas a Natal para conter a violência

    Desde que os policiais se aquartelaram, no dia 18 de dezembro, foram registrados 539 furtos e roubos no Rio Grande do Norte. Dentre eles, estão 29 arrombamentos a lojas, supermercados, shoppings e bancos.

    Entre quinta-feira (28) e o final da tarde de sexta, três supermercados foram roubados e saqueados por bandidos na Grande Natal. Em um deles, cinco lojas que ficam dentro do estabelecimento foram arrombadas e saqueadas.

    No mesmo dia, lojas foram arrombadas e saqueadas na capital e em Mossoró, segunda maior cidade do Estado.

    Cinco pessoas foram mortas por arma de fogo até as 16h desta sexta. Sete foram mortas na quinta. Os números estão dentro da média: entre e janeiro e outubro, o Estado registrou 6,6 homicídios por dia.

    O clima de insegurança fez algumas cidades reverem a programação do Réveillon. Em Parnamirim, onde fica a badalada praia de Pirangi, foram cancelados os shows que seriam realizados para marcar a virada do ano. Foi mantida apenas a realização de uma missa e da queima de fogos.

    "Por medida de segurança, achamos melhor cancelar as apresentações musicais. A segurança da população vem em primeiro lugar" disse o prefeito Rosano Taveira (PRB).

    Os militares começaram a chegar ao Rio Grande do Norte já nesta sexta e devem atuar, sobretudo, na região metropolitana de Natal e em Mossoró. Caso necessário, as tropas podem ser deslocadas para outras cidades do Estado.

    Inicialmente, a ideia é que os militares permaneçam no Estado por 15 dias, mas o prazo pode ser prorrogado.Além das Forças Armadas, cerca de 190 membros da Força Nacional participam da operação de reforço na segurança.

    "As Forças Armadas estarão assegurando a paz. Ficaremos o tempo necessário até que a ordem se restabeleça", disse Jungmann.

    O ministro também deve ir a Natal neste sábado (30) para participar do planejamento das ações e passar o Réveillon, "em solidariedade" aos militares deslocados para participar da operação.

    "SITUAÇÕES DIFÍCEIS"

    Ao todo, cerca de 8.000 policiais e 500 bombeiros militares estão sem trabalhar. Na quarta, o grupo aprovou em assembleia a manutenção do aquartelamento.

    A paralisação foi iniciada após o governo atrasar os salários de novembro e não pagar o 13º salário dos policiais e demais servidores estaduais. Até esta terça, o governo do Estado pagou o mês de novembro apenas para os policiais com rendimentos de até R$ 3.000, deixando 33% da tropa sem salário.

    Além do atraso dos salários, os policiais também reclamam das condições de trabalho. Para retomar o patrulhamento das ruas, eles exigem que o governo reequipe os quartéis com carros e equipamentos de proteção individual como armas, munições e coletes à prova de bala.

    Presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Rio Grande do Norte, Eliabe Marques afirma que não houve avanços nas negociações.

    "Com a vinda do exército, o governo mostra que está mais interessado em reprimir as forças policiais do que em resolver os problemas da categoria", diz.

    Em uma tentativa de encerrar a paralisação, o ministro Raul Jungmann fez um apelo para que os policiais militares voltem ao trabalho, dizendo que o governo entende as "situações difíceis", mas que "acima disso há um valor maior".

    "Entendemos as situações difíceis, entendemos a falta de salário e de equipamentos. Mas acima disso há um valor maior, que é defender a vida", disse Jungmann. "Faço um apelo para que retomem aquilo que juraram. Até porque mais dia, menos dia, essa situação aflitiva que vivem será resolvida. Mas uma vida não tem volta."

    Ele também fez críticas à paralisação. "Está na hora de termos discussão e clareza em uma decisão se forças policiais podem ou não fazer greve. Essa é uma discussão inadiável. Pela lei, não podem, mas na prática fazem, e colocam a comunidade em situação de vulnerabilidade e medo. Entendemos que a lei é para ser cumprida", disse.

    Essa é a terceira vez neste ano que o governo federal envia reforço para a segurança do Rio Grande do Norte.

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