O taxista Marcelo Cândido, há nove anos levando passageiros pelas ruas de Ribeirão Preto, avisa: "A [rua] São Sebastião eu evito ao máximo." O motivo: estreita e com veículos estacionados dos dois lados, os carros passam pela única faixa que sobra praticamente em fila indiana.
A via é apenas um dos exemplos de ruas ou avenidas onde o volume de tráfego fica cada vez mais estrangulado, seja em horários de pico, seja durante o dia todo.
Para a Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte de Ribeirão Preto), a solução para melhorar o fluxo é a adesão da população ao transporte coletivo. Para especialistas, porém, são necessários outros tipos que não apenas ônibus tradicionais.
A Folha mapeou gargalos em 12 ruas e avenidas de Ribeirão Preto dentro e fora do horário de pico. Na avenida Nove de Julho, por exemplo, há veículos estacionados nas duas vias ao lado do canteiro central, praticamente eliminando uma faixa da avenida.
Silva Junior/Folhapress | ||
Carros estacionados na avenida Nove de Julho estreitam passagem e deixam o tráfego lento |
A Barão do Amazonas tem características parecidas com a São Sebastião. É essencialmente comercial e permite estacionamento do lado esquerdo. Porém, por ser um corredor de ônibus, também tem seu leito estreitado.
Um pouco mais larga, a avenida Dom Pedro 1º, no bairro Ipiranga, é outra com trânsito intenso de carros, motos e ônibus. O tráfego acaba sufocando os motoristas, principalmente no início da manhã e no fim da tarde.
CADA VIA, UMA SOLUÇÃO
O engenheiro de trânsito da Transerp Fernando Antunes diz que as soluções para os 2.000 quilômetros de malha viária mudam de acordo com a via. Cita a avenida Francisco Junqueira, onde a retirada de 175 vagas de estacionamento em seis quilômetros melhorou o fluxo.
Porém, seria inviável repetir o feito na avenida Nove de Julho. "Ali, em quatro quilômetros de extensão, são mil vagas de estacionamento", compara. Para ele, é impossível a demanda ser absorvida por vias secundárias ou estacionamentos particulares.
Outras avenidas com trânsito intenso, como a rua Javari, na zona norte, ou a Barão do Bananal e João Bim, na zona leste, fluiriam melhor se fossem mão única. Mas Antunes diz que isso é impossível pela inexistência de outra via para o caminho inverso.
Para ele, a principal solução para desafogar Ribeirão é privilegiar os pedestres e incentivar o uso do transporte público. "Enquanto um carro ocupa 10 m² da rua e leva 1,5 passageiro, um ônibus carrega 90 em 27 m²."
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