A segunda fase do vestibular 2014 da Unicamp teve início neste domingo (12) com questões dissertativas de língua e literatura portuguesa e matemática. Ao todo, 13.976 alunos participaram da etapa. A Folha ouviu especialistas no assunto sobre suas considerações quanto à prova.
Na segunda (13), serão aplicados os testes de ciências humanas e artes e língua inglesa. Na terça (14) é a vez da prova de ciências da natureza.
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"O candidato tinha que ter preparo físico", diz Célio Tasinafo, diretor pedagógico do cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante, de Campinas. "Não foi uma prova difícil, mas sim cansativa, sem nenhuma criatividade", afirmou.
Tasinafo chama a atenção para o fato de o conteúdo exigido ter sido abordado em questões sem relação, tanto na prova de português quanto na de matemática. "Eles optaram por cobrar praticamente todas os livros exigidos (menos "Til", de José de Alencar, e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos), mas não tem questão de literatura comparada. E em matemática o que tem é batido: porcentagem com gráfico de pizza, probabilidade em loteria... É uma prova que fica muito aquém do que a gente viu na da Fuvest, na semana passada, e muito aquém do que se vê no Enem", disse.
"Hoje ainda não tem como tanto isso porque não era uma prova por áreas do conhecimento, era uma área de linguagem e de matemática. Amanhã é uma prova de ciências humanas, então espera-se algo mais interdisciplinar", concluiu.
SEM SUSTOS
Já Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo Vestibulares, classificou a prova como "muito boa". "Foi uma prova sem sustos. Não teve nenhuma questão com controvérsia, que é o pior que pode acontecer para o aluno", falou.
"Na parte de português, foram 12 questões que permitiam respostas sucintas, bem objetivas e diretas. Com 10 minutos para cada, o bom aluno não teria dificuldade. E a prova de matemática foi muito abrangente. Deu a impressão de que assuntos que não foram cobrados na primeira fase foram abordados nessa", comparou.
Arruda diz também ter notado a ausência dos livros "Til" e "Vidas Secas", o que, na sua opinião, não comprometeu o resultado final. Mas chama a atenção para a importância da leitura das obras obrigatórias: "Nessa prova, quem não leu não teria conseguido [responder às questões]. Essas provas atuais, seja da Fuvest ou da Unicamp, cobram um conhecimento de leitura tem que ser feita acompanhado de um professor, e não apenas via resumos", encerrou.
OUSADA
Para o coordenador-geral do curso Etapa, Edmilson Motta, a prova foi "muito ousada e legal, como de costume". Segundo ele, as cinco primeiras questões de português, que tratavam de semântica e gramática, tinham textos e temas muito bem escolhidos.
Motta afirmou que a prova cobrou do candidato um domínio da linguagem que ele precisa ter para interpretar de forma correta informações jornalísticas e desenvolver uma leitura específica, necessária na universidade. "Os textos escolhidos para a prova são atuais e usa neologismos, como os do comércio de eletrônicos, além de interpretação de infográficos", explicou.
O coordenador do cursinho disse ainda que os candidatos bem preparados se deram bem nas últimas seis questões, relacionadas às obras de leitura obrigatória exigidas pelo vestibular. Para ele, essa foi a hora de se sentir mais seguro e garantir pontos com tranquilidade.
Quanto às questões de matemática, ele afirma que as questões voltaram a ficar em ordem de dificuldade. Isso teria facilitado o candidato que nem sempre consegue responder todas as questões. "É muita prova para pouco tempo, e o aluno tem cerca de cinco minutos para responder cada questão. Com essa dificuldade progressiva, o aluno encara apenas no fim os testes característicos de candidatos de exatas, como logs e geometria analítica. Se ele deixou de fazer algum desses, não foi tão ruim", afirmou.
No geral, ele disse que a prova de matemática também foi bem produzida, com enunciados simples e diretos.