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    Rio de Janeiro

    Professor de universidade em crise no Rio improvisa sala de aula na calçada

    FABIO BRISOLLA
    DO RIO

    16/01/2014 19h51

    Na calçada em frente ao prédio da UniverCidade, em Vaz Lobo, na zona norte carioca, o professor Julio Abraham, 52, improvisou nesta quinta-feira (16) uma sala de aula para despachar com seus 150 alunos da disciplina "Tópicos Especiais Cíveis".

    Ele pegou uma mesa emprestada no boteco ao lado e passou a atender seus estudantes entre 8h30 e 10h sob o sol forte do verão carioca e em meio à poeira de uma obra da prefeitura realizada exatamente naquele trecho da avenida Ministro Edgard Romero.

    Em crise financeira, UniverCidade e Gama Filho, duas instituições sob a gestão do grupo Galileo Educacional, acabaram descredenciadas pelo MEC (Ministério da Educação) no início da semana. Na prática, a decisão do governo implica no fim das atividades acadêmicas.

    Mesmo antes do anúncio do MEC, no entanto, as unidades das duas universidades privadas estavam fechadas devido à greve dos funcionários e professores que estão sem receber desde outubro.

    O fim do semestre para os alunos de Abraham estava previsto para o dia 27 de janeiro, atraso associado a uma paralisação anterior, ocorrida nos meses de agosto e setembro de 2013. Por isso, o plano do professor era aplicar a prova final de sua disciplina em 6 de janeiro.

    "No dia marcado, encontrei a universidade fechada. A coordenação avisou aos alunos que a prova seria transferida para a semana seguinte. Mas novamente tudo estava trancado", disse Abraham à Folha.

    Para solucionar o impasse, o professor orientou seus alunos a produzirem um trabalho, que substituiria a aplicação da prova em sala de aula. E agendou a entrega na rua, em frente à UniverCidade.

    "É constrangedor receber meus alunos no meio de uma calçada. Mas ao menos estou fazendo alguma coisa por eles. Prometi a eles que, mesmo com a crise, levaria até o final. Para mim, é uma questão de honra", esclareceu Abraham.

    O MEC ainda prepara um edital para definir a transferência dos estudantes para outras universidades privadas, que só deverá ficar pronto na próxima semana.

    Enquanto isso, mais de 50 estudantes da Gama Filho e UniverCidade foram à Brasília protestar e negociar com o MEC.

    O futuro incerto dos 9.500 alunos das duas instituições ainda é agravado por questões burocráticas. Com as unidades fechadas, nenhum aluno consegue acesso aos documentos acadêmicos. Além disso, turmas inteiras encontram-se reprovadas porque muitas notas não estão sendo lançadas no sistema de dados das duas universidades.

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