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    Custo por estudante no campo é muito alto, afirma dirigente

    NATÁLIA CANCIAN
    DE SÃO PAULO

    03/03/2014 03h01

    Poucos alunos, custo de manutenção, estrutura precária e a distância que separa a comunidade rural da escola urbana são alguns dos dilemas antes de fechar ou não uma unidade no campo.

    Enquanto o Ministério da Educação diz investir em ações para conter o fechamento de escolas no campo, associações de prefeituras e secretarias de governo afirmam que a decisão ocorre devido ao baixo número de alunos e à falta de estrutura.

    O ritmo de redução de escolas rurais é parecido nas redes municipal e estadual.

    Segundo Cleuza Repulho, da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), as escolas do campo "têm um custo-aluno muito alto". "Geralmente estão à grande distância e têm poucos alunos. Resolver essa equação é difícil", afirma.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Para Izolda Cela, secretária de Educação do Ceará e membro do Consed, que reúne gestores da rede estadual, muitas das escolas fechadas tinham estruturas precárias.

    "É preciso refletir sobre o que se chama de escola. Muitas vezes são 'arremedos' de escola, onde as estruturas são precaríssimas", declara.

    Cela sugere a adoção de critérios como limites para o deslocamento de alunos e diálogo com a comunidade.

    "Eu sei que há uma crítica em relação ao fechamento. Falam como se houvesse falta de investimento [nas escolas rurais]. Mas eu acho que é o exatamente o contrário. Procuramos dar mais dignidade e efetividade ao ensino dessas crianças e jovens."

    O número de alunos também é lembrado por Klinger Barbosa Alves, secretário de Educação do ES –Estado que teve o maior percentual de redução no número de escolas estaduais na área rural, com 80% a menos em dez anos.

    Segundo ele, a redução ocorreu porque várias escolas eram pequenas e outras passaram a fazer parte da rede municipal –algumas foram fechadas em seguida.

    "Hoje só fechamos uma escola, se for de uma sala só, um professor só, ou quando não tem demanda e a comunidade concorda", afirma.
    'preocupação'

    Já para Macaé dos Santos, da Secadi, responsável por educação no campo no Ministério da Educação, essas escolas são um "ponto de referência para o desenvolvimento da comunidade", por serem um local de encontro e discussões de moradores.

    E diz que o fechamento causa preocupação. "Até hoje fechar uma escola é um ato de livre decisão de prefeitos, governadores e secretários. É preciso fazer uma consulta à sociedade", afirma, ao lembrar de projeto de lei recém-aprovado no Congresso que determina que a decisão passe por análise dos conselhos municipais ou estaduais de educação.

    Segundo Macaé, uma das metas do governo federal é financiar a construção de 3.000 escolas rurais ainda neste ano por meio do Pronacampo, criado há dois anos.

    O programa também prevê a oferta de material didático específico, ampliação do ensino integral, incentivo à formação de professores e oferta de transporte escolar que leve alunos de comunidades rurais a escolas que também fiquem no campo.

    Para a secretária, o transporte escolar "não pode ser usado como estratégia para o fechamento de escolas".

    "Não adianta um país que está investindo em escola integral ter crianças que passam mais tempo no ônibus do que na escola", completa.

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