O CNE (Conselho Nacional de Educação) prepara um marco regulatório para especializações e MBAs ofertados no país. O objetivo é aumentar o controle sobre a oferta e a qualidade da pós-graduação "lato sensu".
Hoje, não há uma estimativa oficial sobre a quantidade de cursos disponíveis, assim como informações consolidadas sobre corpo docente e projeto pedagógico.
Neste mês, o Ministério da Educação lança um cadastro nacional para reunir informações de especializações presenciais e a distância ofertadas por instituições federais e privadas.
A iniciativa é decorrente de resolução do CNE publicada em fevereiro.
Sérgio Lima/Folhapress | ||
Rosana Hanada, 47, que escolheu cursar um MBA por causa do caráter mais prático das aulas |
"Esse é um processo. É por reconhecermos a importância e o peso da oferta desses cursos que estamos aperfeiçoando [o monitoramento]", disse à Folha Jorge Messias, secretário de Regulação e Supervisão da pasta.
Ele diz que essa é uma primeira etapa da regulação das especializações.
O CNE elabora ainda um outro documento com regras específicas para esse tipo de pós-graduação. Para Erasto Mendonça, conselheiro responsável pelo tema, há certos "vazios que precisam ser preenchidos".
Uma das mudanças previstas é no perfil dos ofertantes: a intenção é estender essa possibilidade a institutos de pesquisa de reconhecida excelência, escolas de governo e instituições que oferecem mestrado e doutorado.
Segundo as regras atuais, apenas instituições de ensino superior podem ter especializações. Esse grupo, no entanto, também pode ser afetado: o conselho estuda exigir um desempenho mínimo da graduação ligada à área de especialização.
Para oferecer a pós, o curso correlato precisaria de nota 4 no CPC (Conceito Preliminar de Curso), indicador de qualidade que varia de 1 a 5.
A previsão é que o novo modelo esteja em prática a partir do próximo ano –as regras não valem para instituições estaduais de ensino.
"As exigências do MEC são muito poucas e não dão garantia para o aluno da qualidade [do curso]", avalia Armando Dal Colletto, diretor-executivo da Anamba (Associação Nacional de MBA). A entidade possui dois selos próprios para indicar o bom desempenho de MBAs.
Para ele, diante da ausência de um cadastro nacional ou de notas concedidas pelo MEC, questões como prestígio da instituição e indicação de colegas são considerados na análise da especialização.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Esses, de fato, foram fatores que pesaram na escolha de Rosana Hanada, 47, pelo MBA em Gestão Estratégica de Tecnologia da Informação.
"O conteúdo do curso é muito aderente ao meu trabalho e o corpo de professores tem boa qualificação e experiência de mercado", diz.
Ela afirma que deu preferência à pós "lato sensu" pelo viés prático das aulas.
"Cursos muito acadêmicos são interessantes, mas é importante utilizar o conteúdo [aprendido] no dia a dia", afirma ela, que concluiu o MBA este ano na FGV (Fundação Getúlio Vargas).