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    Universidades têm apagão de professores de engenharia

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    20/04/2014 03h05

    Uma das novas universidades federais do país, a UFABC (SP) aguardava há oito meses a contratação de professor de engenharia para lecionar aerodinâmica.

    No começo deste mês, um candidato se inscreveu para a vaga, que prevê estabilidade, laboratório para pesquisa e salário inicial de mais de R$ 8.000.

    "Estávamos ansiosos. Mas no dia anterior à prova ele ligou dizendo que não viria. O mercado está pagando bem mais", diz Annibal Hetem Junior, diretor do centro de engenharia da universidade.

    Dados oficiais e os dirigentes de universidades mostram que o ensino superior enfrenta nova etapa do problema da falta de engenheiros.

    Desde a década passada, o setor produtivo reclama do pequeno número de profissionais. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria indica que 61% das empresas não encontram engenheiros suficientes para a produção.

    Novas vagas nos cursos têm sido abertas, especialmente em instituições federais. Mas agora faltam professores.

    O censo do MEC mostra que, de 2010 a 2012 (último ano com dados disponíveis), o número de calouros na área cresceu 65%. O de professores, 21%.

    Nas federais em São Paulo (UFABC, Unifesp e UFSCar), terminaram sem vagas preenchidas 18 dos 35 concursos docentes para engenharia, finalizados nos últimos 12 meses.

    É o dobro do que se verifica nos concursos nas demais áreas, no mesmo período –a Folha analisou o resultado das 168 concorrências.

    "É uma carência em todo o país", diz Gustavo Balduíno, secretário-executivo da Andifes (entidade que representa os reitores das federais).

    Neste ano, houve protesto estudantil na Universidade de Uberaba (MG), particular, e no campus Erechim (RS) da federal da Fronteira Sul. Os alunos reclamaram da falta de docentes e pediram mais qualidade.

    "Faltam engenheiros e faltam também professores de engenharia. Eles vão onde se paga mais, e nós ainda exigimos doutorado", diz o representante dos reitores.

    Na Unifesp, por exemplo, o salário inicial de um professor é de R$ 8.300 –com doutorado, o que exige, em média, seis anos de estudos após a graduação. Num concurso em andamento da
    Petrobras, um recém-formado começa a carreira com R$ 8.100.

    "Não raro vemos instituições contratando docentes que ainda terão de estudar o conteúdo que terá de ministrar, com total falta de experiência acadêmica ou profissional", afirma Vanderli Fava de Oliveira, diretor de comunicação da Associação Brasileira de Educação em Engenharia e professor da federal de Juiz de Fora (MG).

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