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    Governador do PR recebe professores em greve, mas não há acordo

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    23/04/2014 20h32

    Professores e funcionários da educação do Paraná, que deflagraram greve nesta quarta-feira (23), foram recebidos pelo governador Beto Richa (PSDB), mas não houve acordo.

    A paralisação, que atinge cerca de 70% das escolas do Estado, irá continuar por tempo indeterminado. Esta é a primeira greve de docentes no Estado em 14 anos. São 1,3 milhão de alunos atingidos.

    O governo se comprometeu a verificar o impacto das reivindicações da categoria no orçamento da gestão, que passa por dificuldades de caixa. Novas negociações deverão acontecer amanhã.

    Os docentes reclamam de "descaso" e "insensibilidade" do governo estadual com a educação. Segundo professores ouvidos pela Folha, falta estrutura nas escolas, o número de funcionários diminuiu e o pagamento de promoções está atrasado.

    A categoria pede aumento salarial, cumprimento de 33% de hora-atividade (tempo em que o professor trabalha fora da sala de aula, preparando aulas e corrigindo trabalhos), contratação de novos funcionários e melhoria da infraestrutura das escolas, entre outros tópicos.

    O governo Richa, por sua vez, enfrenta dificuldades financeiras desde o ano passado. As despesas com servidores, que tiveram aumentos salariais, consomem quase metade das receitas do Estado, e empecilhos na liberação de empréstimos para obras em andamento comprometeram o caixa.

    A gestão admite atrasos no pagamento de promoções aos professores, e promete quitá-los até o fim do ano. Segundo o sindicato, são R$ 100 milhões em atraso.

    "Faltam funcionários, nosso salário está achatado, o governo paga as promoções quando quer. Todas essas coisas vão frustrando a gente", diz a bibliotecária Marcia Mallmann, que trabalha em Serranópolis do Iguaçu (oeste do Paraná).

    Ontem, a Secretaria de Educação emitiu nota em que destacou o impacto das reivindicações da categoria nos cofres do Estado. A pasta informou que "tem feito todo o esforço" para cumprir com o que prometeu, e que manterá o diálogo com a categoria.

    Membros do governo também apontaram motivação política na greve, lançada em ano eleitoral e já explorada por adversários políticos de Richa. O APP Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Paraná) é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pelo menos um membro de sua diretoria foi candidato pelo PT em eleições passadas.

    A presidente do sindicato, Marlei Fernandes, afirmou hoje em discurso que a greve é "política, mas não eleitoral". "Estamos cobrando as promessas que nos foram feitas", disse.

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