• Educação

    Monday, 06-May-2024 07:04:24 -03

    Para cursos, mais aulas práticas pode prejudicar docente

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    31/05/2014 02h00

    Os representantes dos cursos da USP, Unesp e Unicamp afirmam que não foram ouvidos durante a elaboração da norma do Conselho Estadual de Educação que impõe mudanças nos cursos de licenciatura e de pedagogia.

    Agora, eles sugerem alterações, com o argumento de que a regra pode prejudicar a formação de docentes.

    O Cruesp (conselho que representa os reitores das três instituições) chegou a pedir a revogação da deliberação, afirmando que ela fere a autonomia universitária.

    Como não foi atendido, as universidades apresentaram sugestões de mudanças na norma. O teor principal é atenuar o aumento da carga horária para estágios e para disciplinas de prática de ensino.

    As mudanças valem tanto para os cursos que formam professores do ensino infantil e início do fundamental (pedagogia) quanto para os do fim do fundamental e do médio (licenciaturas).

    Assessora da pró-reitoria de graduação da Unesp (universidade que preside o Cruesp), Maria de Lourdes Spazziani afirma que as exigências podem inviabilizar o modelo de alguns cursos.

    Ela cita o exemplo da biologia, em que hoje o aluno se forma apto a lecionar (licenciatura) ou para trabalhar como biólogo (bacharelado).

    "A carga obrigatória atual já é pesada. Se tivermos de acrescentar mais coisas, teremos de separar o bacharelado da licenciatura. E, provavelmente, haverá menos jovens interessados na formação de professores", afirmou.

    As práticas de ensino nas universidades representam cerca de 600 das 3.000 horas do curso. A norma impõe 900 (30% do total). As instituições sugerem 720 horas.

    "Estamos abertos à discussão para melhoria dos currículos. Mas isso não necessariamente ocorrerá atendendo à legislação. Por isso, dialogamos com o conselho de educação", disse Spazziani.
    "Nós, que temos grupos de pesquisa reconhecidos internacionalmente, fomos desconsiderados quando a deliberação foi feita", afirmou.

    A norma do conselho de educação foi feita por ex-secretárias de Educação (Guiomar Namo de Mello e Rose Neubauer) e por uma docente da USP (Eunice Durham).

    Para se adequarem às exigências, as universidades pedem que as regras passem a valer apenas em 2016. A solicitação ainda é analisada.

    A discussão sobre os currículos ganhou força após estudo das fundações Carlos Chagas e Victor Civita mostrar que práticas de docência podiam chegar a apenas 10% dos cursos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024