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    Interdição atrasou em um ano pesquisas na USP Leste, diz professor

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    28/07/2014 12h00

    Os seis meses de interdição do campus da USP Leste vão atrasar a produção científica da unidade em ao menos um ano, avalia Luiz Menna-Barreto, membro do conselho de pesquisa da escola e professor mais antigo da unidade.

    Nesta semana, a Justiça decidiu liberar o campus, que havia sido interditado devido à contaminação do solo, que colocava em risco a saúde dos membros da escola.

    Após medidas como a instalação de sistema de extração de gás (a presença de metano é uma das principais ameaças), o Judiciário concedeu a desinterdição, mas exige que sigam as melhorias. No entanto, ainda não há previsão para quando as aulas devem ser retomadas no centro de ensino.

    O problema, afirma Menna-Barreto, 67, é que a interdição desarticulou pesquisas que vinham em andamento.

    Os 5.000 alunos da graduação foram distribuídos por 14 locais provisórios, mas praticamente não houve estrutura disponível para produção científica, que depende de laboratórios e salas de reunião.

    A seguir, a entrevista feita por e-mail com Menna-Barreto, doutor em fisiologia humana e que faz pesquisa na área de ciclos de sono e ritmo biológico. Até junho passado, presidiu a comissão de pesquisa da escola, oficialmente chamada EACH.

    *

    Folha - Qual o prejuízo que a interdição trouxe?

    Luiz Menna-Barreto - O grupo de pesquisa que coordeno reunia de 10 a 15 participantes, entre estudantes e pesquisadores, em reuniões semanais. Com a interdição, passamos a usar uma salinha minúscula na Unicid [universidade privada, um dos locais provisórios] e hoje estamos reduzidos a 5 membros. Esses números refletem queda nos projetos de pesquisa.
    Também acuso prejuízos nas minhas aulas para a graduação e pós-graduação. Dizer que as aulas improvisadas foram "normais", em 14 diferentes locais por onde perambularmos, só é possível com grande grau de fantasia.

    Quais serão os efeitos práticos dessa situação?

    Atrasos em todas as pesquisas em andamento. Acho que o valor global dos atrasos que identifiquei é certamente de mais de um ano. Os grandes prejudicados são meus alunos, pois como professor titular em fim de carreira não serei diretamente prejudicado.

    Sou um dos fundadores da USP Leste. Fui atrás de um projeto que me pareceu de uma USP mais aberta aos tempos atuais. Não estou arrependido, mas profundamente decepcionado com a direção da universidade, especialmente nas últimas gestões, incluindo a atual [em comunicados oficiais, a reitoria tem afirmado que fez todo o possível para melhorar o campus].

    Não posso provar relação causal entre problemas de saúde e a contaminação do solo na EACH, mas em 2010 tive diagnosticado um câncer de próstata. Isso sem falar no estresse da situação. Tudo poderia ter sido evitado se as medidas cobradas da USP pela Cetesb desde a fundação da EACH (2004-2005) tivessem sido honradas pela USP.

    O atraso na pesquisa vale para toda a escola?

    Será muito maior para os demais pesquisadores, que estão em início de carreira acadêmica, em sua maioria.

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