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    Reitor liga crise financeira da USP a quadro 'inflado' de técnicos

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    16/08/2014 02h00

    O reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirmou nesta sexta-feira (15) que uma das principais causas da atual crise financeira da escola foi um "erro de gestão" que "inflou" a quantidade de funcionários não docentes em vez de priorizar os que dão as aulas.

    O contingente desses servidores que não são professores cresceu 13,75% entre 2009 e 2013 e houve política de reajuste salarial específica –novo plano de carreira. O número de alunos subiu 5%.

    "(A crise) é resultado de um comprometimento exagerado com folha de pagamento. Foram contratados 2.400 funcionários e apenas 390 professores. E os vencimentos dos servidores aumentaram 80%", afirmou Zago, em entrevista à Folha e à TV Globo.

    Desde 2013, os gastos com folha de pagamento superam a totalidade do orçamento da universidade, que deve receber R$ 5 bilhões do Estado em 2014. Assim, a instituição tem sido obrigada a usar reservas.

    Fabio Braga/Folhapress
    Reitor da USP, Marco Antonio Zago, liga crise financeira da USP a quadro 'inflado' de técnicos
    Reitor da USP, Marco Antonio Zago, liga crise financeira da USP a quadro 'inflado' de técnicos

    Funcionários e professores da universidade estão em greve desde 27 de maio.

    O reitor apresentou algumas propostas nesta sexta com a justificativa de conter a crise financeira da instituição, após ser reunir com diretores.

    Com as declarações, Zago faz crítica indireta ao antecessor, João Grandino Rodas, de quem foi pró-reitor de pesquisa. Questionado, disse que as informações que membros da reitoria tinham não apontavam para tal deficit.

    Rodas defendia a valorização do quadro de servidores. Ele e dirigentes do sindicato dos funcionários não foram localizados para comentar as declarações do atual reitor.

    Segundo Zago, há um "quadro inflado" do número de servidores –próximo de 17 mil para 90 mil alunos, ou 5,3 estudantes por servidor.

    "É uma taxa muito acima do que se pratica nas principais universidades [no Reino Unido são 15 para 1, mas na UFRJ, 5,5]. Não estou questionando o valor desses servidores. Muitos são excelentes. Mas trata-se do fato de que a universidade não tem recurso para manter o quadro. Precisamos reduzir", disse ele.

    Sobre o número de professores, ele diz que há "um deficit" e que esse quadro precisaria aumentar, embora não haja condições no momento.

    O reitor considera que as atuais dificuldades da USP poderão ter reflexo a "longo prazo" no desempenho da instituição em rankings de qualidade pelo mundo.

    "Paramos a contratação de docentes. Se for um ano, não é ruim. Mas se for dois, três anos, pode ter reflexos negativos na estrutura dos grupos de pesquisa, desestruturar o ensino de graduação."

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