Em uma reunião realizada nesta quarta-feira (3), o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades de São Paulo) decidiu oferecer um reajuste de 5,2% aos docentes e funcionários técnico-administrativos da USP, Unesp e Unicamp. Parte dos profissionais está em greve em 27 de maio.
A discussão do dissídio das categorias, que geralmente acontece em maio, foi adiada para setembro por conta da crise financeira das três instituições. Com o reajuste decidido nesta quarta, a Unesp acredita que terminará o ano com 93,2% do seu orçamento comprometido pela folha de pagamento. Na Unicamp o percentual será de 94,85% e na USP será de 104,95%.
Pela proposta, o reajuste de 5,2% será dividido em duas parcelas. O aumento de 2,57% vai incidir já sobre setembro, sendo pago em outubro, enquanto a segunda parcela de 2,57% vai incidir sobre dezembro, sendo pago em janeiro do próximo ano. Com isso, o décimo terceiro dos funcionários vai ter o reajuste total.
O índice aprovado é inferior aos 9,78% pedidos pelos funcionários grevistas e inferior aos 7,34% proposto pelo Ministério Público do Trabalho. Independente da decisão, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) também terá uma reunião nesta quinta para discutir o dissídio da categoria.
Em nota, o TRT afirmou que os desembargadores do órgão, assim como o Ministério Público do Trabalho, já se pronunciaram dizendo que a USP não pode oferecer menos do que o reajuste da inflação do período de doze meses, retroativo a maio de 2014, que foi em torno de 6,5%.
CRISE
O adiamento do dissídio dos professores e funcionários não foi a única medida tomada pela USP por conta da crise financeira. Desde a semana passada, o Conselho Universitário da instituição aprovado o PDV (Plano de Demissão Voluntária) e a transferência do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (Centrinho), em Bauru, para o governo do Estado.
A transferência do HU (Hospital Universitário), também para o governo estadual, ainda deve ser discutida no próximo mês. As medidas são criticadas pelos funcionários e professores. A direção da Faculdade de Medicina, assim como os docentes, chegaram a pedir o adiamento da decisão em relação ao HU.
Outro impasse entre a USP e seus funcionários tem sido o corte de pontos, que começou no pagamento do mês passado. Nesta semana, o Tribunal determinou que os salários sejam pagos, podendo ter que pagar multa diária de R$ 30 mil à universidade em caso de descumprimento.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, "a ausência de pagamento de salários por parte da empregadora se mostra arbitrária e flagrantemente ilegal".