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    'Mergulho' no idioma define boa escola bilíngue

    RICARDO BUNDUKY
    DE SÃO PAULO

    21/09/2014 02h00

    "Bitte warten Sie, das Tor öffnet sich automatisch." É estranho, mas é a primeira mensagem vista por quem chega ao colégio Humboldt, em Interlagos (zona sul de São Paulo).

    A versão em português diz: "Por favor, aguarde, o portão abre automaticamente".

    "A gente ria, porque não entendia nada", conta Karoline Sirgado, 34, mãe de Eduardo, 7, e Manuela, 5, alunos do colégio bilíngue alemão.

    De ascendência italiana e casada com um português, ela não conhecia nada de alemão quando optou pela escola, mas queria que suas crianças fossem fluentes na língua de Einstein, Nietzsche e Beethoven.

    Raquel Cunha/Folhapress
    Manuela, 5, e Eduardo, 7, estudam em uma escola bilíngue alemã e são estimulados com jogos no idioma
    Manuela, 5, e Eduardo, 7, estudam em uma escola bilíngue alemã e são estimulados com jogos no idioma

    "Em qualquer área do conhecimento, há um alemão que é um expoente", diz.

    Preparar os filhos para um mundo "globalizado e competitivo" é um dos objetivos da procura por instituições bilíngues. No Humboldt, os alunos têm dois professores de referência na sala, um falando português, e outro, alemão.

    Outras escolas adotam o processo de "imersão", em que até os cinco anos de idade a criança faz atividades e se comunica apenas na segunda língua.

    "É a mesma metodologia de uma escola brasileira, só tem que ser mais teatral", afirma Marieta Lefèvre, coordenadora pedagógica do Builders, escola que aplica o inglês, em Perdizes (zona oeste).

    Segundo especialistas, o ingresso numa escola bilíngue na primeira infância facilita a aprendizagem do idioma. Nessa fase, o cérebro tem como representar os sons encontrados em todas as línguas.

    "Depois desse tempo, podemos falar outras línguas, mas, em geral, com sotaque", diz a neurolinguista Eloísa Lima.

    Mas é preciso ser rigoroso na escolha da escola. "Deve-se observar se os professores falam em inglês com as crianças em diversos momentos da rotina e como as crianças respondem a isso", afirma Fernanda Nyari, presidente da Oebi (organização das escolas bilíngues).

    O material didático, como livros e jogos, também tem de estar no segundo idioma, que deve ser usado pelos alunos inclusive na recreação.

    O colégio Magno, no Campo Belo (zona sul), oferece o curso "high school" em parceria com uma universidade do Texas (EUA). Os professores são nativos e dão aulas como história e literatura norte-americanas.

    FALTAM PROFISSIONAIS

    O Brasil não possui uma legislação específica que determina se uma escola é ou não bilíngue.

    Na pesquisa Datafolha, 28% (117 colégios) disseram ser bilíngues.

    "Muitas escolas que simplesmente aumentam a carga horária de outro idioma estão se intitulando como bilíngues", ressalta Fernanda Nyari, presidente da Oebi (organização das escolas bilíngues).

    Para a entidade, uma bilíngue deve ter carga horária mínima diária em outro idioma (75% no infantil, um terço no fundamental e um quarto no médio).

    Ela diz que outro problema é a dificuldade de encontrar bons profissionais habilitados no idioma.

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