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    Em colégios de SP, crianças decidem no voto de lanche a conteúdo de aula

    THAIS BILENKY
    DE ENVIADA ESPECIAL A SANTO ANTÔNIO DO PINHAL (SP)

    05/10/2014 02h00

    A candidata prometeu gelatina todo dia, hora do sono na cachoeira e passeios para consumo de sacolé (picolé artesanal). Como na política, eleita, ela não cumpriu a maioria de suas promessas.

    Nesse caso, porém, o mandato foi melhor do que a encomenda. Aos nove anos, a presidente chamou o prefeito da cidade e o convenceu a fazer de um puxadinho uma nova sala de aula na escola que comandou em 2013.

    Localizada em Santo Antônio do Pinhal, a 171 km da capital paulista e rodeada pelas montanhas da serra da Mantiqueira, a escola Lumiar funciona com base em decisões tomadas em assembleias semanais, chamadas de rodas.

    Nelas, crianças e adultos decidem no voto os assuntos mais cotidianos –como o que será servido no lanche– e os mais fundamentais –como o conteúdo do bimestre.

    Davi Ribeiro/Folhapress
    Escola Lumiar em Santo Antônio do Pinhal, a 171 km da capital paulista; decisões do dia a dia passam pelos estudantes
    Escola Lumiar em Santo Antônio do Pinhal, a 171 km da capital paulista; decisões do dia a dia passam pelos estudantes

    A participação dos alunos em decisões da escola é tendência ascendente em São Paulo. De 2010 para cá, até colégios tradicionais adotaram práticas como assembleias.

    O Porto Seguro, por exemplo, passou a fazer clubes de debates, nos quais alunos do ensino médio se reúnem na ausência do corpo docente para discutir temas internos e externos ao colégio. Depois, os assuntos que professores consideram merecer uma abordagem didática são retomados.

    O Dante Alighieri criou um comitê gestor discente que promove debates sobretudo relacionados ao uso de equipamentos tecnológicos.

    A escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha) faz assembleias semanais para azeitar a relação entre os alunos do ensino fundamental.

    Mas as experiências mais radicais se dão em escolas nas quais os alunos decidem o que estudarão.

    Uma das fundadoras do Instituto Lumiar, a socióloga Helena Singer identificou esse modelo em oito instituições na cidade de São Paulo.

    Quatro são públicas –a mais conhecida delas é a municipal Desembargador Amorim Lima, que literalmente quebrou barreiras ao derrubar paredes de salas de aula.

    As outras são as municipais Presidente Campos Salles, localizada na favela de Heliópolis, e a Chácara Sonho Azul, no Jardim Ângela, além do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos Campo Limpo, no Capão Redondo.

    Quatro são privadas: Politeia, da qual Singer também foi uma das fundadoras, Teia Multicultural e Viver. A Lumiar possui duas unidades privadas, uma na capital e outra em Santo Antônio do Pinhal. Coordena ainda uma escola pública municipal na cidade do interior.

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