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    Em escola de SP, alunos podem votar até expulsão de colega

    DA ENVIADA A SANTO ANTÔNIO DO PINHAL (SP)

    05/10/2014 02h00

    As assembleias escolares deixam marcas. Célia Senna, diretora do Instituto Lumiar, conta que suou frio quando a expulsão de um aluno com comportamento agressivo foi parar na pauta.

    A direção não defendia a medida, mas optou por respeitar as normas da escola, onde tudo é decidido por todos.

    A expulsão estava sendo selada quando um colega de sala ponderou que seria irreversível. Outros estudantes refletiram e optaram por uma suspensão de dois dias. A direção respirou aliviada.

    Em outra ocasião, funcionários e tutores, como são chamados professores, questionaram o veto ao consumo de café na escola. Colocaram o debate na roda –os estudantes concordaram em liberar a bebida para adultos e crianças autorizadas pelos pais.

    Na última segunda-feira (29), a turma de 40 alunos da unidade particular do instituto em Santo Antônio do Pinhal votou se a reportagem poderia acompanhar a roda.

    Davi Ribeiro/Folhapress
    Criança participa de debate na escola, no interior de SP
    Criança participa de debate na escola, no interior de SP

    Aprovada, foi apresentada aos métodos didaticamente por um aluno: levanta-se a mão para falar, presta-se atenção e não se deixa a roda, a menos que seja urgente (uso do banheiro).

    Um garoto inscreveu-se para falar do ataque a ninhos de passarinhos com punhados de areia. "É mais ou menos a casa deles. Vocês iam gostar se jogassem uma coisa enorme na nossa casa?"

    Há questões amenas, em geral relacionadas a comidas: quem gosta de bisnaguinha levanta a mão, propõe uma criança. Pão ou torrada no lanche da tarde, suscita outra.

    A Lumiar evita a palavra "aluno" porque significa "sem luz". Do mesmo modo, não há professores, mas tutores e mestres. Não há repetência nem provas, a menos que seja essa a vontade das crianças.

    Não há série nem conteúdo, mas ciclos e projetos, decididos no voto e abordados multidisciplinarmente.

    No fim de 2013, por exemplo, as crianças decidiram estudar o pum. A mestre fez um projeto no qual, para entender o sistema digestivo, elas simularam o estômago colocando alimentos num saco plástico e comprimindo-os com as mãos algumas horas.

    Erika Oliveira, 38, tutora da Lumiar pública, afirma que muitos professores da rede municipal não se adaptam. "É preciso estar predisposto a ser questionado", afirma.

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