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    Mudanças em prova internacional podem complicar a avaliação do Brasil

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    01/11/2014 02h00

    A principal avaliação internacional de desempenho de alunos do ensino básico deverá trazer complicações para o Brasil a partir de 2015.

    O Pisa, aplicado a cada três anos em 65 países pela OCDE (organização de nações desenvolvidas), ampliará a importância de habilidades e conhecimentos úteis no dia a dia dos estudantes.

    Essa tendência de interação entre as tradicionais disciplinas escolares também é observada no Enem, exame do governo brasileiro para o ensino médio que serve como porta de entrada para universidades públicas.

    Além de aferir o conhecimento em matemática, leitura e ciências, o Pisa de 2015 repetirá a experiência de 2012 com um questionário voltado à resolução de problemas.

    No ano que vem, porém, a abordagem será aprofundada. As questões terão de ser resolvidas em grupos simulados por um programa de computador. Assim, os estudantes terão de lidar com diferentes pontos de vista e eventuais discordâncias.

    Para exemplificar, o Pisa elaborou uma atividade em que uma escola decide colocar um aquário na recepção e os alunos ficarão encarregados de sua manutenção.

    Ao estudante que faz a prova caberá cuidar da alimentação dos peixes e da temperatura da água. Outro aluno, representado pelo programa de computador, deverá cuidar do cenário e iluminação.

    Juntos, eles terão que tomar decisões que não atrapalhem um ao outro.

    DESEMPENHO

    Para pesquisadores, o sistema tradicional de ensino brasileiro não prepara os estudantes para situações que exigem mais raciocínio e autonomia, como faz o Pisa.

    Em 2012, na prova individual de resolução de problemas, o Brasil ficou com média de 428 pontos, abaixo da média da OCDE, de 500, e bem abaixo da média de destaques educacionais como a Coreia do Sul, 561.

    Superou, no entanto, a média de países que costumam se sair melhor em matemática, como o Uruguai (403).

    "Para um mundo onde ocupação, em vez de emprego, tende a ser a regra, onde profissões surgem e outras desaparecem rapidamente, nosso modelo educacional conteudista, padronizado e fabril não responde", afirma a consultora Vera Cabral.

    Apesar de eventuais prejuízos para a colocação do Brasil, a nova metodologia do Pisa é bem-vinda, pois pode funcionar como indutora de novas políticas públicas, avalia Cabral, que trabalhou no Ministério da Educação e no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

    A OCDE afirma esperar justamente esse efeito. O analista Francesco Avvisati disse à Folha que a nova formulação permite diagnosticar como os alunos aplicam o conhecimento adquirido na escola em variados contextos reais.

    Ruben Klein, presidente da Abave (Associação Brasileira de Avaliação Educacional), acredita que jovens acostumados com jogos de computador podem se sair melhor nesse tipo de prova.

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