A única graduação a distância da USP teve queda de quase 50% no número de inscritos neste vestibular e não deve ter novas turmas depois de 2015.

De acordo com os dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (24), há apenas 469 candidatos para as 360 vagas da licenciatura em ciências, que forma professores para a educação básica.

Este vestibular seleciona alunos para o ano que vem. No exame de 2013, houve 846 inscritos para o mesmo número de postos.

Dos sete polos oferecidos, onde os alunos têm aulas presenciais, em seis há mais vagas do que inscritos. Para Santos, por exemplo, há 17 candidatos para 40 vagas.

Somente a opção capital paulista foge à regra (314 inscritos para 120 vagas).

O curso começou em 2010 e é oferecido numa parceria entre a USP e a Univesp, universidade virtual mantida pelo governo de São Paulo.

Cerca de metade da carga horária é dada a distância, por meio do computador. A outra parte é presencial.

Segundo a Folha apurou, esta será a última turma a entrar no curso. A USP pode até permanecer no campo da graduação a distância, mas será com outro formato de curso.

Desde o início a opção sofre resistência na universidade. Há um setor que entende que o foco deva ser o ensino presencial. Outro se mostra contrário à participação de outra instituição na gestão.

A licenciatura em ciência chegou a ser adiada por um ano devido ao impasse no acordo com a Univesp.

Aluno do último ano da carreira, Paulo Sergio Prudência diz que muitas vezes o curso parece "improvisado". Ele cita o caso de professor formado em biologia que foi contratado para lecionar teorias de educação.

Afirma também que algumas videoaulas têm qualidade técnica ruim. "O material dos cursos que são da própria Univesp, por exemplo, têm outro padrão de qualidade. Parece mais profissional", disse o estudante.

Paralelamente ao convênio com a USP, a instituição do governo lançou suas próprias graduações a distância.

"Enfrentamos descrença dentro da própria USP e fora dela", completou Paulo.

Por e-mail, o pró-reitor de graduação da USP, Antonio Carlos Hernandes, disse que avalia junto com a Univesp o porquê da queda no número de inscritos e medidas para evitar sobra de vagas.

Disse também que não há previsão para lançamento de novos cursos a distância. E não confirmou que o curso não será mais oferecido.