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    Mudança dá ênfase para ansiedade e violência no ensino de pediatria

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    18/12/2014 02h00

    Dentro de dois anos, pais e filhos devem começar a encontrar em consultórios médicos pediatras com novo perfil, mais ligados em questões sociais, como a violência na escola, e também em demandas específicas como doenças crônicas e mentais e em medicina do esporte.

    Uma mudança na formação dos pediatras já está em curso nas principais faculdades do país, como a USP e a UnB (Universidade de Brasília). Em 2015, 15 instituições vão passar a ensinar sob as novas diretrizes.

    A residência médica para pediatras passa de dois para três anos de estudos e terá um currículo remodelado.

    "As causas de morte na infância mudaram, doenças novas apareceram. O adolescente enfrenta problemas diferentes do passado. É preciso mais atenção a distúrbios de comportamento, depressão, ansiedade", diz Eduardo da Silva Vaz, presidente da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), entidade que coordena a revisão do currículo.

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Pedro Bichaff, 26, que faz pediatria na USP; universidade já adotou o novo currículo
    Pedro Bichaff, 26, que faz pediatria na USP; universidade já adotou o novo currículo

    META

    Até 2020, todos os cerca de 150 programas de formação de pediatras do país devem ter o novo currículo, elaborado por um grupo internacional de especialistas.

    "Vamos ter mais ferramentas para avaliar os pacientes e mais instrumentos, se for o caso, para encaminhá-los com detalhamento profundo para o especialista", diz Pedro Bichaff, 26, que estuda já com o novo currículo na USP.

    Doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que podem ter origem na infância, passam a ganhar mais ênfase com a reformulação. Questões envolvendo negligência e violência familiar passam a ser, também, de responsabilidade dos médicos.

    "É preciso que o profissional esteja atento para atuar diante de conflitos familiares", declara Vaz.

    CONCORRÊNCIA

    Para os idealizadores da reforma, a mudança na formação deve aumentar o interesse em pediatria, área com falta de profissionais.

    Na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que passa a adotar a nova maneira de ensinar pediatria no ano que vem em seu Hospital Universitário, o interesse pela carreira cresceu 45%.

    No concurso de residência de 2014, a concorrência foi de 8 candidatos por vaga contra 11,5 para 2015. Houve aumento da procura também em escolas do Paraná, Pernambuco, na USP e na Unesp, em Botucatu (interior de SP).

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