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    Para cursinhos, primeiro dia da 2ª fase da Fuvest foi "quase temático"

    DE SÃO PAULO

    04/01/2015 20h16

    A Fuvest aplicou neste domingo (5) uma prova "quase temática" e sem surpresas no primeiro dia da segunda etapa da seleção de vagas para 2015 na USP, segundo professores de cursinhos ouvidos pela Folha.

    Além da redação, os quase 30 mil candidatos tiveram que responder a outras dez questões discursivas nas áreas de linguagens e literatura.

    Confira a resolução comentada do vestibular da Fuvest

    A redação abordou a "camarotização" social, termo cunhado pelos examinadores para descrever o fato de as pessoas poderem pagar para terem privilégios em espaços públicos da cidade. Não foi a primeira vez que a Fuvest usou uma palavra nova como base para a sua redação. Há dez anos, o assunto havia sido a "descatracalização" da vida.

    "As questões discursivas já dialogavam com a redação, uma vez que de uma forma ou de outra cobraram conhecimentos ligados às questões sociais", diz Heric Palos, coordenador de Português do Etapa.

    "Foi cobrado por exemplo a "carnavalização" dos problemas sociais e a segregação de classes. O candidato que respondeu primeiro às questões não encontrou surpresas quando foi redigir a redação", completou Palos.

    Um dos textos de apoio para a redação dizia que os estádios eram lugares em que empresários dividiam o mesmo espaço dos operários e onde ricos e pobres enfrentavam as mesmas filas ou se molhavam caso chovesse.

    "Os camarotes especiais separam os privilegiados das pessoas comuns. A praça pública, que promovia o convívio entre classes sociais diferentes, assim como nos estádios, deu lugar aos shopping centers", disse Nelson Dutra, coordenador do Objetivo.

    Lalo de Almeida/Folhapress
    Vestibulandos fazem a primeira prova da segunda fase da Fuvest, na escola Politécnica da USP
    Vestibulandos fazem a primeira prova da segunda fase da Fuvest, na escola Politécnica da USP

    Segundo Célio Tasinafo, coordenador do Oficina do Estudante, se deu bem o candidato que cobrou melhorias nos espaços públicos.

    "O candidato deveria contextualizar que os espaços públicos devem ser tão bons tendo estrutura e segurança para atrair tanto ricos como pobres", afirmou Tasinafo.

    Ainda segundo os coordenadores, a redação da Fuvest manteve o perfil de anos anteriores ao tratar um tema de cunho ético e social.

    Em toda a prova, quatro textos de apoio foram retirados das versões impressa e digital da Folha.

    PROVA DISCURSIVA

    Para Luis Ricardo Arruda, coordenador do cursinho Anglo, as questões de português cobraram mais interpretação do que gramática.

    "Mesmo as questões de gramática não cobraram o conhecimento tradicional. Era preciso ter domínio não só do código, mas também do aspecto cultural"

    Já o professor Nelson Dutra, do Objetivo, as questões de literatura foram as que tiveram o maior nível de dificuldade para os alunos. "As perguntas exigiam conhecimento dos temas de humanidades, além de uma leitura efetiva das obras".

    O professor citou como exemplo uma questão, que pedia para o aluno comentar um texto do historiador Sérgio Buarque de Holanda sobre a "religiosidade de superfície" dos brasileiros a partir do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

    "O aluno que estudou por meio de resumos ou ouviu apenas sobre as obras em sala de aula não conseguiu responder as questões", avaliou Arruda.

    MARATONA DE PROVAS

    No primeiro dia da maratona de provas da Fuvest, mais de 2.000 candidatos faltaram às provas, um índice de abstenção de 8,1%, número semelhante ao do ano passado.

    A segunda fase do vestibular deste ano segue nesta segunda-feira (5), quando todos os concorrentes terão de resolver 16 questões de história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês.

    O vestibular se encerra na terça (6), com 12 questões de disciplinas específicas, que variam de acordo com o curso escolhido.

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