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    Novas creches da prefeitura terão mais crianças, diz Chalita; veja vídeo

    FÁBIO TAKAHASHI
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    23/01/2015 02h00

    Creches com mais crianças e unidades construídas por empresas são as ações que o novo secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita (PMDB), promete para acelerar a abertura de vagas.

    O compromisso do prefeito Fernando Haddad (PT) é abrir 150 mil novos postos no ensino infantil. O último balanço oficial aponta que apenas 28% já foram entregues. Em novembro, a fila pelas vagas foi a maior da história.

    Na primeira entrevista após assumir o cargo, Chalita disse à Folha que buscará "toda a criatividade" para aumentar o ritmo de expansão.

    Em uma frente, a prefeitura fecha parceria com o Carrefour, que construirá até cinco creches em seus estacionamentos -que serão doadas à gestão municipal. Os dois lados afirmam que não haverá contrapartida.

    É a primeira parceria assim com a iniciativa privada, ideia lançada pelo secretário anterior, Cesar Callegari, em 2013.

    Em outra frente, Chalita disse que as novas creches a serem construídas pela prefeitura podem abrigar 500 crianças cada, em vez das atuais 300. A medida é vista com ressalva por educadores.

    "São positivas medidas que ampliem as vagas. Mas é complexo garantir a qualidade para creche tão grande. Precisa de muitos espaços, de gente para dar atenção", afirmou Francisco Carbonari, consultor da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (que atua em políticas para crianças de 0 a 6 anos) e ex-secretário de Educação de Jundiaí.

    Isadora Brant/Folhapress
    Gabriel Chalita, novo secretário municipal de Educação
    Gabriel Chalita, novo secretário municipal de Educação

    *

    Abaixo, os principais trechos da entrevista:

    Quais são os planos para expandir as vagas nas creches?
    Já há uma parceria iniciada com o Carrefour, que pretende construir cinco creches, em estacionamentos deles, e passá-los para a Secretaria Municipal de Educação, para que ela administre.

    A gente quer pegar o modelo e ir atrás de outras empresas. Por que não o Pão de Açúcar, a Fiesp, o Sesc, que já tem parcerias no Paraná?

    Há uma explosão de demanda, mas não tem terreno para construir. Há outras questões de desapropriação, que demora muito.

    Um secretário de Educação tem de ter a consciência da urgência de alguns temas na educação. Quando você atrasa para resolver a demanda por vagas em creche, você deixa famílias sem onde deixar as crianças. Não dá para demorar três anos para resolver o problema daquela região, porque as crianças já até saíram da idade de creche e não foram cuidadas nessa parte importante da vida.

    Conversei com o ministro Cid Gomes (Educação) também sobre o nosso modelo de creches. São de 200 crianças; os CEUs têm pouco mais de 300. Mas hoje você tem creches com 500, e elas dão certo. Minha preocupação no início, como educador, era que, com essa quantidade de crianças, você não desse a atenção devida a elas.

    Mas se você tem terreno, consegue parceria, você precisa ampliar um pouco esse número na creche.

    As pessoas perguntam o que é melhor? As creches construídas e mantidas pela prefeitura? Ou a construída pela prefeitura e administrada por uma entidade? Ou a entidade direto? O melhor é não ter criança fora da creche. Buscar toda a criatividade, todas as alternativas. Mesmo que não tenhamos o ideal, o ideal é não termos uma criança desassistida. Vamos atrás do Sesc, da Fiesp, dos clubes, do governo federal, estadual.

    Tenho certeza que as pessoas não vão se recusar a ajudar. No caso do Carrefour, eles vão construir e doar à prefeitura. Mas a empresa pode doar apenas o terreno, também interessa.

    Há uma contrapartida para o Carrefour?
    Não. É parceria social. Foi numa reunião da Ana Estela [Haddad, primeira dama]. Pedirei a ela que me ajude a encontrar essa disponibilidade.

    Como serão as creches com mais crianças?
    Requer ajustes de construção e requer uma equipe maior dentro da creche. Mas você acaba economizando, tem apenas uma equipe de gestão. Você precisa de mais professores, mas se o espaço é adequado, tudo bem.

    As creches maiores serão as novas?
    Sim. As já em funcionamento não têm condição para essa ampliação.

    O compromisso do prefeito de abrir 150 mil vagas no ensino infantil até o fim do mandato é factível?
    É factível, com as parcerias. Sem, é muito complexo.

    O senhor tem uma avaliação do porquê as crianças no ensino fundamental não aprendem o que deveriam?
    Tenho algumas avaliações. O problema do analfabetismo funcional está nos EUA. Uma das questões é que essas crianças têm uma velocidade diferente no processo de ensino-aprendizagem. Ela não fala ainda, mas já baixa coisas no tablet. Em todas as classes sociais. Como eu, professor, estou preparado para isso? Acho que precisa diversificar. Tão importante quanto ter aparato tecnológico, é preciso ter um professor contador de histórias.

    Fiquei um mês na China, que passou a Finlândia no Pisa. O que você tem de educação musical na China, esportiva, no meio da aula de física, de química. Eles têm essa noção de que precisa mesclar abstração e realidade concreta.

    O senhor tem dois pela frente como secretário. Tentará introduzir essa lógica?
    É possível começar. Mas é importante que seja construído com os professores.

    A prefeitura enfrentou duas greves de professores em dois anos. Como pretende lidar com a situação?
    Fiz uma relação com a rede estadual em que não teve greve. Por quê? Estabelecemos relação verdadeira. Vou fazer o maior esforço para que não tenha greve. Como? É dizer para o professor 'estou aqui para fazermos uma política educacional, conjuntamente com vocês'. Com verdade. É possível ou não dar aumento? É possível melhorar isso na sala de aula? Se os sindicatos veem um canal de diálogo, eles não vão para greve. E o professor mesmo não gosta de greve. Gosta de dar aula. Se a gente conseguir esse diálogo, a gente pode evitar greve. Se tiver, vamos trabalhar na greve, é um direito do trabalhador.

    O secretário anterior, Cesar Callegari, disse no fim do ano passado que um aluno com notas 3,2,2 e 4 podia ser aprovado. Qual será sua diretriz?
    Depende do conselho [de escola]. A escola particular dá todos os mecanismos de recuperação. A média dele é 4,2. A escola dá outra prova.

    A escola quer que ele seja aprovado. Mas se ele não sabe, não dá para aprovar. Não podemos fingir que ele recuperou. Mas precisamos ter uma avaliação global desse aluno, análise do ciclo ou da série. Se ele não conseguiu desenvolver as habilidades, não pode passar. Mas a cultura da repetência não é boa.

    Se reprovar 30%, 40% dos alunos, quem está errado é a escola. Se repete 5%, 6%, é a média das escolas privadas. Mas aprovar o aluno que não sabe também é excluir.

    Mas ao fim do ano a escola tem de dizer se o aluno passou ou não. Qual será a orientação?
    A diretriz é analise do processo. Analise os quatro bimestres, veja como chegou nessa nota baixa. Quero avaliar com os professores, por meio de fóruns, se não dá para estender uma recuperação a mais. Agora, se chegar ao fim da recuperação, e ele não sabe, não é bom passar. Não pode fingir que ele sabe.

    O senhor será vice de Haddad em 2016?
    Sou secretário de Educação e meu sonho como educador é fazer gestão ótima.

    PMDB e PT estarão juntos em 2016?
    Não foi discutido isso. Agora, naturalmente, o PMDB já tem três secretarias e agora assume Educação. Estamos muito afinados com o prefeito Haddad. Tudo depende da convenção do PMDB, mas para mim a parceria com o PT é óbvia que aconteça.

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB), com quem o senhor tem proximidade, tem se preparado para ser presidente da República em três anos. Ele seria um bom presidente?
    Acho que sim. Ele faz debate de alto nível. Espero que a campanha seja de alto nível.

    Paulo Skaf é nome natural do PMDB para o governo de São Paulo em 2018?
    É um candidato, ótimo nome. Podem surgir outros.

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