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    USP suspende ao menos 117 vagas em creches para alunos e funcionários

    GABRIELA YAMADA
    DE RIBEIRÃO PRETO

    07/02/2015 02h00

    A USP suspendeu ao menos 117 novas matrículas de bebês e crianças em suas creches na capital e no interior, agravando os conflitos existentes entre a reitoria e parte dos funcionários e alunos.

    As creches atendem funcionários, estudantes e professores da universidade, que já contavam com as vagas para este ano.

    Eles foram avisados do cancelamento das matrículas entre o final de janeiro e esta semana, por e-mail da SAS (Superintendência de Assistência Social), da instituição.

    Segundo o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), a justificativa dada foi que, com a adesão de funcionários das creches ao plano de demissão voluntária, no final do ano passado, a abertura de novas vagas e turmas ficou impossibilitada.

    No total, 1.472 funcionários, de diversos setores, aderiram ao plano.

    Em São Carlos, foram barradas as matrículas de 46 crianças. Já na Carochinha, de Ribeirão, seriam matriculadas mais 40 crianças.

    "Fomos pegos de surpresa. Muitos não têm condições de pagar escola particular", afirmou Carla Fernandes, 33, aluna de pós-graduação da enfermagem de Ribeirão.

    Ela tirou o filho de quatro anos da escola em que ele estudava no ano passado após o menino ter sido selecionado para a creche.

    Agora, segundo ela, o problema será encontrar uma escola e arcar com os custos de matrícula, mensalidades, material escolar e uniforme de uma só vez.

    O desespero é compartilhado pela aluna de pedagogia Shirley Ronqui Anizio, 26, cujo filho de quatro anos havia sido selecionado para a creche e pré-escola oeste, que fica no Butantã, na capital.

    Trabalhando a tarde e estudando à noite, Shirley disse que não tem condições financeiras para pagar escola.

    "Por enquanto, ele está sob os cuidados da minha avó. Mas ela tem limitações de saúde, é complicado", disse.

    A unidade teve de recusar o ingresso de 31 crianças que já haviam sido selecionadas.

    Na capital, o problema também ocorre nas creches central e da Faculdade de Saúde Pública, que não informaram o número de crianças que ficarão de fora.

    FECHAMENTO

    Para o Sintusp, a intenção da reitoria é fechar definitivamente as creches, já que não há previsão de abertura de novas matrículas para os próximos anos.

    Segundo Neli Wada, diretora do Sintusp, a medida também compromete a formação de educadores.

    Consideradas modelos de educação pública, as creches recebem pedagogos em formação de todo o país.

    "Infelizmente, a creche é considerada um custo pela reitoria, e não investimento", disse André Luís Orlandin, diretor do Sintusp em Ribeirão.

    Funcionários, professores e alunos se mobilizam para uma greve, com o objetivo de pressionar a saída do reitor Marco Antônio Zago.

    A assessoria de imprensa da USP foi procurada, mas não respondeu até a conclusão desta edição.

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