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    Relatório do TCU mostra que 44% das escolas no DF precisam de reparos

    DA AGÊNCIA BRASIL

    26/02/2015 10h17

    Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) aponta que 44% das escolas no Distrito Federal precisam de pequenos reparos, 31% estão em condições ruins e 6% estão em péssimas condições, a maioria delas, no campo.

    Os dados fazem parte de um estudo que avaliou em 2014 as instalações físicas das escolas públicas e os problemas relacionados à manutenção e reforma. O relatório com o diagnóstico da educação no Distrito Federal foi divulgado no final do ano passado.

    O Distrito Federal tem, atualmente, 75 escolas rurais, 12 só em Brazlândia. A principal característica das escolas no campo é que elas são pequenas, com poucos professores. Em muitas delas, o mesmo profissional exerce atividades de diretor e dá aulas para diferentes séries.

    Na última segunda-feira (25), os professores da rede pública do Distrito Federal decidiram fazer uma paralisação até sexta-feira (27) contra o atraso de benefícios como abono de férias e décimo terceiro. Segundo o governo do DF, a paralisação afeta 470 mil alunos.

    Antonio Cruz-23.fev.2015/Agência Brasil
    Sem receber benefícios, professores do DF fazem paralisação no primeiro dia de aula, em frente ao Palácio do Buriti
    Sem receber benefícios, professores do DF fazem paralisação em frente ao Palácio do Buriti

    ESCOLA CLASSE INCRA 7

    Uma quadra de esportes com cobertura, mas sem piso. No parquinho, o balanço só tem as traves. A gangorra está quebrada e o escorregador, enferrujado. Em volta, o mato está alto. As poucas salas de aula são pequenas e mal ventiladas. Algumas têm até buracos no chão. São cinco salas e dois banheiros para 94 alunos.

    Essa é a Escola Classe Incra 7, em Brazlândia, unidade rural que fica a cerca de 35 quilômetros da região central de Brasília. O ensino era integral até o ano passado, mas o sistema parou de funcionar por falta de infraestrutura.

    Segundo a diretora, Cristiane Milani, a unidade não está na lista das que vão receber uma reforma este ano. "A gente saiu da educação integral de dez horas, que é um ganho pedagógico maravilhoso, porque a estrutura física nos limitou. Ninguém soube explicar o motivo de não termos sido contemplados, nem a própria regional de ensino. Temos uma sala com um buraco de 30 cm de comprimento, já com determinada profundidade, então a gente não consegue entender o porquê de nossa escola não ter sido atendida."

    Lucas Braga, 6, é neto da aposentada Lurdes Braga e estuda na Escola Classe Incra 7. A avó conta que admira o trabalho dos professores, mas reconhece que o local precisa de uma série de reparos. "Eles separam um dia no mês para a família, eu achei isso muito bom, entrosa as crianças. Mas eu acho que poderia fazer mais concreto, para as crianças não ficarem pisando na terra, e melhorar a pintura, que está muito feia."

    Divulgação/Agência Brasil
    Horário no Centro de Ensino 7 de Brazlândia (DF) era integral até o ano passado, mas o sistema parou de funcionar por falta de infraestrutura
    Centro de Ensino 7 era integral até 2014, mas o sistema parou de funcionar por falta de infraestrutura

    Na Escola Classe Incra 7 os utensílios da cozinha são guardados no chão, embaixo da pia, porque não há armários. Além disso, as crianças são obrigadas a comer o mesmo tipo de alimento por vários dias, porque a comida que chega não é diversificada. O aluno Lucas disse que, às vezes, enjoa da merenda. "Eu não gosto muito, queria que tivesse mais macarrão e salsicha", comentou o menino.

    Atualmente, a escola tem cinco professores, mas precisa de mais quatro. Segundo o diretor de Imprensa do Sindicato dos Professores do DF, Samuel Fernandes, a carência de profissionais em toda a rede pública de ensino é muito maior do que os números apresentados pelo governo.

    "Hoje, a Secretaria de Educação alega que há um deficit de cerca de 3,5 mil professores, mas a carência de efetivos e temporários na rede é bem maior. Falta uma movimentação do governo para contratar", disse Fernandes.

    Segundo o governo do DF, 3.500 professores foram contratados temporariamente na rede pública em janeiro. A estimativa é que sejam necessários mais 3.000 ao longo do ano para suprir as vagas de futuras licenças.

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