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    Medida para atrair estrangeiro na USP não tem grande escala, diz especialista

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    08/03/2015 02h00

    "É difícil até encontrar o caminho da USP sozinho." Essa é uma das impressões do aluno chinês Zhihan Zhou, 22, que fará seu trabalho de conclusão da graduação em engenharia na universidade –ele não fala português, mas é fluente em inglês.

    Segundo Zhihan, há dificuldades para estudantes estrangeiros no país porque documentos da instituição e as sinalizações nas cidades são em português. "Se fosse ao menos em inglês, já ajudaria."

    Mas ele diz que as dificuldades têm sido superadas pela "simpatia e educação" dos brasileiros. Ele não sofrerá com o fato de as aulas de graduação serem em português, porque veio apenas para ter a orientação de um professor.

    E por que o país? "Terei muitas oportunidades para ir à Europa depois, mas não muitas para o Brasil", diz.

    Editoria de Arte/Folhapress

    DIFICULDADES

    A USP tem apenas 1.313 estudantes estrangeiros na graduação, de um total de 58 mil.

    O programa apresentado pela reitoria poderá ajudar a atrair mais alunos como Zhihan, mas não deve ser capaz de fazer grande mudança na composição do corpo de professores e de alunos.

    A avaliação é do pesquisador da USP Rogério Meneghini, que estuda rankings universitários e produção científica. "As medidas são interessantes, mas numa escala ainda pequena", afirmou.

    Segundo ele, uma medida efetiva que poderia ser tomada é deixar a prova de inglês no vestibular mais exigente, para garantir que os alunos já na graduação estejam mais preparados para o contato com a ciência internacional.

    A iniciativa, porém, contraria o que defendem movimentos sociais que pedem que a USP seja menos elitista. Para eles, o inglês é um dos pontos mais fracos nas escolas públicas e deveria até ser retirado do vestibular.

    HISTÓRICO

    Para o diretor de programas e bolsas da Capes (órgão federal vinculado ao Ministério da Educação), Marcio de Castro Silva e Filho, é natural que as universidades brasileiras tenham mais dificuldades em atrair estrangeiros.

    "Quando a USP surgiu, Harvard já tinha 300 anos. As escolas nos EUA e na Europa têm muito mais tradição."

    Na semana passada, a Capes assinou convênio com a USP, no qual se compromete a dar bolsa a 60 pesquisadores estrangeiros para atuarem na universidade.

    A ação é vista como um piloto, para que depois seja ampliada na USP e estendida a outras instituições brasileiras.

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