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    Contra mudanças no Fies, alunos protestam e fecham avenida em SP

    NICOLAS IORY
    DE SÃO PAULO

    10/03/2015 10h39

    Um grupo de estudantes da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) bloqueou os dois sentidos da avenida Liberdade, na região central, por cerca de duas horas na manhã desta terça-feira (10).

    De acordo com informações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a interdição era total, das 9h até as 11h, na altura da rua Condessa de São Joaquim.

    A manifestação reuniu aproximadamente 40 estudantes e foi pacífica, segundo a Polícia Militar.

    Os estudantes protestavam porque não conseguiram retirar a senha para validar o cadastro do Fies (Programa de Financiamento Estudantil) junto à faculdade, que disponibilizou 200 senhas para o atendimento. Esta terça é o último dia para fazer a validação do cadastro.

    A estudante Mayara Geovanna, 17, está cursando medicina veterinária na FMU e chegou ao campus Liberdade às 4h da manhã para fazer a validação do Fies. De acordo com sua mãe, Edna Carvalho, essa já é a segunda vez que elas precisam chegar ao local antes do nascer do sol para serem atendidas.

    "Viemos de Itapecerica da Serra (região metropolitana de SP) e quase ficamos para o lado de fora. Já passamos uma semana tentando fazer o cadastro no site e agora ainda tem mais essa."

    Lourdes Alves Rodrigues, moradora do Capão Redondo (zona sul), também passou a madrugada esperando o atendimento para validar a matrícula de sua filha, Vitoria Alves, 18. Elas levaram até almofadas e uma garrafa térmica com café. "Quem chegou às 5h já não conseguia pegar a senha", disse.

    A FMU informou, em nota, que o atendimento aos alunos foi prejudicado por instabilidades no site do Fies durante a tarde desta segunda-feira (9), o que levou a faculdade a pedir para os alunos retornarem nesta terça.

    Ainda de acordo com a instituição, o atendimento para os alunos que não conseguiram validar o cadastro no programa foi prorrogado para até esta seta-feira (13).

    DIFICULDADES

    Se os estudantes da FMU reclamam de problemas para validar sua inscrição no programa do governo federal, muitos nem sequer conseguiram chegar a essa etapa. As principais reclamações dos estudantes se referem às dificuldades em fazer o aditamento do Fies e a um erro no cadastro chamado "M321".

    Quando ocorre, esse erro impede que a inclusão de novos alunos seja feita, pois é exibida uma mensagem dizendo que o financiamento não está disponível para o curso escolhido. No entanto, os alunos que questionam a unidade de ensino a respeito desse problema são informados de que não há nenhuma restrição em relação ao financiamento.

    Com dificuldades para entender as orientações que o MEC disponibiliza em seu site –são 54 tópicos com explicações–, alguns alunos criaram grupos no Facebook para que os próprios estudantes se ajudem.

    O estudante Thiago Oliveira, 28, conseguiu fazer seu cadastro sem maiores contratempos e decidiu ajudar aqueles que estavam com dificuldades. Já foram dez cadastros concluídos com o seu auxílio, fora cerca de 40 pedidos de ajuda que ainda estão em andamento.

    "Eu sempre tive facilidade com computadores e minha conexão com a internet. é muito boa. Como estou com um tempinho livre, resolvi dar essa força nos fins de semana", disse Oliveira, que mora em Mauá (região metropolitana de SP).

    O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), operador do Fies, informou, via assessoria de imprensa, que "ocorreram momentos de indisponibilidade no site do programa, mas o MEC e o FNDE estão trabalhando continuamente para garantir a estabilidade e confiabilidade da plataforma".

    As desavenças entre o Ministério da Educação e as instituições privadas começaram no final do ano passado, quando portarias alteraram o fluxo de pagamentos do programa às instituições e definiram um mínimo de 450 pontos no Enem para novos contratos. Também ficou definido, posteriormente, que cursos com reajustes acima de 6,4% não teriam financiamento autorizado.

    O MEC afirmou ainda que cursos com nota 5 (indicador máximo de qualidade) continuam com "atendimento pleno", enquanto aqueles com nota 3 ou 4 estão sujeitos a "alguns aspectos regionais".

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