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    Corte no Fies faz faculdade frear reajuste de professor

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    17/03/2015 02h00

    Sob a alegação de que ainda há muitas incertezas sobre o Fies, as faculdades particulares de São Paulo decidiram suspender a negociação para reajuste salarial anual aos seus professores.

    Segundo o Semesp, sindicato das instituições no Estado, o setor ainda não sabe o tamanho real da restrição imposta pelo governo federal ao programa de financiamento a universitários. E precisa reavaliar o cenário econômico.

    O sindicato das escolas cancelou reunião marcada para o fim do mês. Não há nova data para negociação. No Estado, há 63 mil professores no ensino superior privado.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Nos últimos dois anos, o reajuste à categoria foi aplicado em março, sempre com um ponto percentual acima da inflação. Segundo representante das faculdades, agora não está garantida nem a reposição da inflação, apresentada nas negociações como 7,41% (média de três índices).

    A entidade que representa os professores reclama que as instituições não dependem tanto do Fies a ponto de prejudicar a negociação salarial. Ela ainda avalia que medidas tomará diante do impasse.

    Segundo o Semesp, 66% das faculdades em SP trabalham com Fies. Nelas, 35% dos alunos têm o benefício.

    HISTÓRICO

    Desde dezembro, a União tem adotado medidas para restringir o Fies, que cresceu de 76 mil alunos no país para 1,9 milhão em quatro anos.

    No programa, o governo banca as mensalidades em faculdades particulares; apenas depois de formado o aluno paga a dívida, corrigida por juros abaixo do mercado.

    A presidente Dilma (PT) disse nesta segunda-feira (16) que a restrição foi feita porque o governo quer controlar a distribuição dos financiamentos, que estava nas mãos das próprias faculdades.

    Além disso, o Ministério da Educação já havia dito que queria priorizar cursos mais bem avaliados e prioritários, mas reconheceu que parte da restrição ocorreu devido a problemas orçamentários.

    Alguns dos novos critérios não foram anunciados oficialmente. Segundo as faculdades, o governo permite reajuste máximo de 6,4% nas mensalidades para 2015 (inflação do país do ano passado) e libera apenas o equivalente a 30% dos financiamentos iniciados no ano passado.

    Nenhuma das duas exigências consta em portaria. Sem saber exatamente o critério para concessão, estudantes têm passado horas no computador ou em filas nas faculdades para obterem o Fies. Muitos sem sucesso.

    "O planejamento foi feito considerando Fies em pleno andamento. O próprio governo incentivava isso até o ano passado", disse o diretor do Semesp Rodrigo Capelato. O Fies foi uma das bandeiras de Dilma na campanha em 2014.

    O setor fará assembleias neste mês, que definirão a nova posição na negociação.

    "As faculdades tiveram gestão temerária, apostaram muito no Fies", disse o presidente da Fepesp (federação dos docentes), Celso Napolitano. "Mas ganharam muito também nestes anos. E agora querem socializar perdas."

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