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    Análise: Pais e escolas devem levar a sério segurança de dados

    MARCELO SOARES
    PAULA LEITE
    DE SÃO PAULO

    20/03/2015 02h00

    Muitas escolas particulares oferecem aos pais serviços on-line como consulta ao boletim, acesso a câmeras para que possam ver seus filhos em aula ou visualização de fotos de eventos no site do colégio.

    Vendem esses serviços para sinalizar modernidade: os não precisam nem ir à escola para acompanhar o desempenho do filhote.

    Nesta quinta-feira (19), a Folha mostrou que fichas contendo informações extremamente pessoais sobre alunos do colégio Bandeirantes e seus familiares vazaram na internet. Aparentemente, o sistema era tão facilmente burlável que um aluno com um pouco de conhecimento técnico conseguiu abrir para os colegas informações de altíssima curiosidade no pátio.

    O caso ilustra a necessidade de as escolas e os pais levarem a sério a segurança das informações colocadas nos sites das instituições. A maioria das escolas se contenta em proteger os dados e imagens por uma senha alfanumérica, mas isso não é suficiente.

    Não existe segurança absoluta no meio digital –se até a Apple descobriu isso com vazamento de senhas de seus clientes, a escola do seu filho também não deve estar muito longe.

    De qualquer maneira, a digitalização da vida é inescapável. Os pais podem e devem exigir das escolas o uso de sistemas mais seguros para proteger a privacidade da família.

    Autenticação em duas etapas (usando uma senha enviada ao celular, por exemplo) e o uso de certificados digitais, tokens ou biometria são apenas algumas das ferramentas disponíveis hoje no mercado por um custo relativamente baixo.

    Mas o mais importante é discutir quais informações realmente precisam ser acessíveis digitalmente e quais não faz sentido manter assim, por um ou outro motivo.

    Se as escolas não quiserem fazer tal investimento em segurança digital, que tirem as informações da rede.

    No caso do Bandeirantes, aliás, é difícil entender o que levou a escola a julgar que fichas dos alunos precisavam ficar disponíveis on-line –qual a necessidade de um professor ou coordenador acessar tais informações remotamente? A ideia era que os pais pudessem ter acesso às avaliações internas dos filhos?

    Boletins podem ser enviados em papel, como tradicionalmente sempre foi feito, e informações de cunho pessoal podem ficar impressas e guardadas em salas trancadas ou em computadores desconectados da internet. Se a escola não tiver condições de usar sistemas de segurança on-line modernos, não faz mal que algumas informações escapem ao afã da inovação.

    Já os pais devem adicionar ao longo rol de perguntas que fazem ao escolher a escola algumas sobre o tratamento das informações de seus filhos e da família na internet e, se a resposta não for satisfatória, exigir mudanças ou procurar outra instituição.

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