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    Transferido para a Santa Casa, jovem perde Fies e fica endividado

    BELA MEGALE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/04/2015 02h00

    A reportagem abaixo contém um Erramos. Douglas Assunção nunca foi matriculado na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.

    A seguir, a reportagem como originalmente publicada pela Folha:

    Filho de uma cozinheira e de um pedreiro, o estudante Douglas Assunção, 28, sempre contou com o Fies (financiamento federal) para pagar o curso de medicina.

    Mineiro, até o ano passado ele estudava em uma faculdade particular de Alfenas, no interior do Estado.

    Esperava manter o financiamento ao se mudar para a capital paulista e iniciar o quarto ano do curso na tradicional Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.

    Não conseguiu. Após as recentes travas impostas pelo governo ao Fies, a Santa Casa decidiu não firmar novos contratos pelo programa.

    A notícia chegou tarde para Douglas, que alugou um quarto em uma pensão e assistia às aulas normalmente.

    Com a suspensão, parou de frequentar o curso para angariar recursos e pagar uma dívida de aproximadamente R$ 15 mil com a instituição, referente às três primeiras mensalidades do ano.

    "Fiquei desesperado. Só pensava que tudo o que fiz até agora estava acabado."

    Editoria de arte/Folhapress
    Douglas, 28, que tentou financiar o curso de medicina na Santa Casa com o Fies; faculdade suspendeu novos contratos
    Douglas Assunção, que não conseguiu financiar com o Fies o curso de medicina na Santa Casa

    Ele não pode voltar à Unifenas, porque já se desvinculou da faculdade para realizar a sua transferência.

    No entanto, por ser beneficiário do Fies desde 2012, ele ainda tem uma última alternativa: tentar manter o financiamento pedindo a renovação do contrato antigo –e não a abertura de um novo, que seria negada.

    Segundo o Ministério da Educação, o prazo para pedidos de renovação do Fies vai até o dia 29 de maio.

    CALOUROS

    Quem esperava começar a usar o Fies neste ano enfrenta ainda mais dificuldades. É o caso de uma aluna do segundo ano de medicina que não quis ser identificada.

    Ela diz que cursou o ano de 2014 com a ajuda da poupança que seus pais fizeram para a reforma da casa, mas, em março, o dinheiro acabou.

    Para pagar a mensalidade de maio, de R$ 4.670, o pai da estudante, que é técnico de TI, vendeu as férias para a empresa em que trabalha.

    A aluna passou a fazer bicos nos feriados e finais de semana com atividades recreativas para crianças em shoppings, onde ganha cerca de R$ 400 por mês.

    Segundo Kelvin Kamiya, presidente do centro acadêmico da faculdade, cerca de 20 calouros procuraram o órgão para pedir ajuda quando souberam do rompimento da instituição com o Fies.

    "O anúncio foi feito quando as aulas já tinham começado", conta ele.

    Procurada pela reportagem, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa afirmou que "deixou de promover a adesão de novos contratos do Fies para novos ingressantes, mas manteve a renovação para os alunos que já tinham o Fies em andamento". A instituição não informou os motivos que levaram a essa decisão.

    O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do governo responsável pelo programa, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

    Editoria de arte/Folhapress

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