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    Com greve de professores de SP, aluno vai à escola para ouvir música

    GABRIELA YAMADA
    DE RIBEIRÃO PRETO
    FERNANDA PEREIRA NEVES
    DE SÃO PAULO

    28/04/2015 02h00

    Jackeline de Almeida, 16, aluna da escola estadual Barão de Ramalho, na zona leste de São Paulo, diz que não tem aulas de português e matemática há um mês e meio.

    Já Fernando Barbosa, 18, da República da Guatemala, na mesma região, só teve aulas até o início de março. Desde então, as aulas do período da noite estão suspensas.

    Ambos fazem parte de um cenário de crise instalado nas salas de aula da rede estadual, na capital e no interior, desde o início da greve dos professores, em 16 de março.

    Com a paralisação e sem professores substitutos suficientes, alunos permanecem no pátio, ficam dentro das salas ouvindo música no celular ou assistindo vídeos.

    A Folha identificou problemas semelhantes em escolas de São Paulo, Suzano, Sorocaba, Campinas, São Carlos, Sumaré e Ribeirão Preto. Segundo a Apeoesp (sindicato dos professores de SP), a situação é a mesma em cerca de 50% da rede estadual.

    Já o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (27) que "não existe greve de professores". "Os professores estão dando aulas, e os alunos, estudando. A média de falta é de 3%, aumentou 1%, e é de temporários. Então, na realidade, a greve é da Apeoesp, da CUT. A coisa é diferente."

    Davi Ribeiro/Folhapress
    A estudante Jackeline de Almeida, 16, está há um mês e meio sem aula de português e matemática na zona leste de SP
    A estudante Jackeline, 16, está há um mês e meio sem aula de português e matemática em São Paulo

    Na escola Walter Paiva, em Ribeirão Preto, alunos de cinco turmas, do 6º ano ao ensino médio, passam todas as manhãs no pátio. Há casos de estudantes que nem entram nas escolas e ficam em praças públicas pelas manhãs.

    Na escola Fadlo Haidar, na zona leste de SP, além de assistir a filmes, os estudantes ficam na sala de leitura. Na sexta (24), por exemplo, apenas duas salas tiveram aulas.

    Na Sítio Conceição, ainda na mesma região da cidade, os alunos de diferentes séries são colocados em salas mistas. Na sexta, só 5 das 13 salas funcionaram normalmente.

    A Secretaria da Educação diz que a orientação é convocar professores substitutos. Mas, segundo alunos e o sindicato, muitos não têm qualificação para organizar aulas. "A maioria [dos substitutos] dá jogos interativos ou faz a gente ler um texto e depois, debatê-lo", diz a adolescente Jackeline. Ela conta que, desde o início da greve, só tem aula de artes e sociologia.

    Na escola Barão de Ataliba Nogueira, em Campinas, os alunos da tarde confirmam a falta de substitutos. Sem aula, eles ficam no pátio, mas não podem usar a quadra.

    O professor Diego Ramos, assessor do sindicato em Sumaré e Hortolândia, afirma que há casos de alunos que ficam sob supervisão de funcionários da limpeza.

    OUTRO LADO

    A Secretaria da Educação minimizou os impactos da greve e disse que 11,2% dos professores faltaram em 26 escolas apontadas pela Folha.

    A pasta afirma haver 8.850 substitutos de todas as disciplinas, número suficiente para suprir as ausências. Diz ser "inadmissível" a existência de "unidades de ensino sem alunos, aulas vagas ou junção de classes para atividades".

    Em relação à escola Barão de Ramalho, afirma que a professora de português se ausentou a partir de março devido a uma licença médica, mas alega que as aulas foram passadas a substitutos -e que, por isso, os estudantes não estão sem aula.

    Colaboraram VENCESLAU BORLINA FILHO, de Campinas, e MARCELO TOLEDO, de Ribeirão Preto

    Editoria de Arte/Folhapress

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