• Educação

    Thursday, 02-May-2024 03:08:37 -03

    Inglês fraco dos estudantes preocupa a faculdade de medicina da USP

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    10/05/2015 02h00

    Estudantes da melhor faculdade de medicina do país têm apresentado uma defasagem na formação básica que pode comprometer seus estudos e seu futuro profissional: a falta de fluência em inglês.

    O diagnóstico foi feito pela direção da Faculdade de Medicina da USP, que passou a tomar iniciativas para estimular os alunos a estudarem o idioma, especialmente os termos técnicos da área.

    Em julho, a faculdade promoverá a primeira "winter school", ou escola de inverno, um curso de duas semanas ministrado em inglês.

    Dos 60 inscritos, dez são brasileiros. O objetivo é que, inseridos em um ambiente internacional, mesmo os alunos que não participam do curso fiquem em contato com colegas estrangeiros. Precisarão falar em inglês e terão dimensão da necessidade de dominar o idioma.

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Roni Burlina, 21, que tenta superar dificuldade no inglês para fazer intercâmbio nos EUA
    Roni Burlina, 21, que tenta superar dificuldade no inglês para fazer intercâmbio nos EUA

    Essa é a expectativa do professor Aluísio Segurado, coordenador da comissão de internacionalização da faculdade. "Ainda há certa inibição, inércia. Como não são cobrados, os alunos não dedicam tempo a isso", diz.

    Há dois anos, a faculdade passou a oferecer uma oficina optativa de redação de artigos científicos em inglês.

    A USP não permite que sejam oferecidos cursos obrigatórios em inglês na graduação, porque, como o domínio da língua não é requisito no ingresso, não pode ser exigido nessa etapa.

    Segurado diz, porém, que o treinamento dos alunos é e será cada vez mais inevitável por dois motivos.

    O primeiro é o maior ingresso de alunos vindos do ensino público, facilitado por políticas de inclusão adotadas pela USP nos últimos anos, como a concessão de bônus no vestibular.

    Docentes citam estudo da Unicamp que apontou desempenho inferior desses alunos em inglês, ainda que não nas demais disciplinas.

    O segundo motivo é a oferta de programas de intercâmbio no exterior, amplificada pelo programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Com cada vez mais alunos querendo e podendo estudar fora, maior a necessidade de se dominar a língua inglesa.

    Além disso, é fundamental acompanhar a produção contemporânea. "É difícil imaginar que um médico que não leia inglês consiga se manter atualizado", afirma Segurado.

    O professor Luiz Fernando Silva diz notar que "muitos alunos ficam boiando" em palestras de estrangeiros.

    Ele observa o surgimento de empresas que traduzem textos científicos do português para o inglês. O serviço, se usado indiscriminadamente, impede a autonomia, diz.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024