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    Greve de professores esfria, e pais já cobram plano de reposição de aulas

    FÁBIO TAKAHASHI
    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    29/05/2015 02h00

    Às vésperas de se tornar a mais longa paralisação da história da rede estadual de ensino de São Paulo, a greve dos professores perdeu força e deve ser contestada na própria assembleia da categoria marcada para esta sexta (29).

    Em alguns colégios, pais já pressionam diretores para definirem a melhor forma de reposição das aulas perdidas.

    A greve na maior rede de ensino do país, com 4 milhões de alunos, completa 75 dias. A mais longa no Estado durou 80 dias, em 1989.

    Editoria de Arte/Folhapress
    PANORAMA DA GREVEDados sobre a paralisação dos professores estaduais
    PANORAMA DA GREVE Dados sobre a paralisação dos professores estaduais

    No levantamento da Apeoesp (sindicato docente), a adesão dos professores à paralisação caiu para 30% nesta semana -no auge, em março e abril, ela falava em mais de 60%. O governo rebaixou sua estimativa de 5% para 4%.

    "É duro para o professor ficar mais de 70 dias parado, com salário descontado", afirmou a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha.

    Sindicato e governo travam batalha judicial pelo pagamento ou não dos dias parados. Por ora, prevalece a posição do Estado, de fazer o desconto nos salários.

    A queda na adesão contribuirá para que ao menos parte dos docentes vote pela saída da greve, disse Noronha.

    "Vai ser uma assembleia difícil, dividida. Eu mesma só definirei pela manhã a minha posição, após conversar com todos os diretores." O ato ocorrerá no vão do Masp, na av. Paulista, a partir das 14h.

    Na última assembleia, semana passada, alguns membros do sindicato chegaram a defender, em discurso, o que chamaram de "recuo tático" —suspensão do movimento e rediscussão posterior caso o governador Geraldo Alckmin (PSDB) siga sem proposta de reajuste salarial.

    Durante a votação, porém, praticamente não houve apoiadores para a tese.

    PAUTA

    Os grevistas pedem reajuste de 75,33%, percentual suficiente para equiparar o salário dos professores ao dos demais profissionais com ensino superior no Estado, nos cálculos do sindicato.

    O governo não apresentou proposta de aumento. Diz que divulgará um plano entre junho e julho, quando o último reajuste completar um ano.

    Alckmin tem dito que a greve começou "dentro de movimento político" -foi aprovada no dia de ato da CUT em defesa de direitos trabalhistas, que também serviu de apoio à presidente Dilma Rousseff. Dois dias depois, houve manifestações pelo país contra o governo federal.

    A gestão Alckmin alega ainda que concedeu 45% de reajuste em quatro anos.

    Parte desse percentual, porém, se refere à incorporação de gratificação ao salário-base, que beneficia aposentados (que não ganham gratificação), mas tem impacto quase nulo para servidores ativos.

    Além disso, nos quatro anos, a inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo. O governo afirma ainda que precisa de mais tempo para avaliar a situação econômica do Estado.

    A presidente do sindicato reconhece que muitos professores podem ficar frustrados se tiverem de encerrar a greve sem a conquista imediata do reajuste. "Mas no mínimo colocamos para a sociedade a necessidade da valorização para os professores."

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