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    Melhor escola da rede estadual em SP tem 'vestibulinho' e tempo integral

    LAURA LEWER
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/08/2015 11h36

    Em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, os muros pichados que ocupam um quarteirão cercam a escola estadual mais bem avaliada da cidade no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014.

    A escola Estadual Professor Antônio Alves Cruz, com cerca de 360 alunos, recebeu nota média de 525,5 pontos, atrás apenas de unidades Etec (Escola Técnica Estadual). Para calcular a média, a Folha considerou as quatro provas objetivas do Enem -linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza.

    "No ano passado, o pessoal foi bem porque tinham professores o ano todo, mas esse ano não vai ser a mesma coisa", diz a aluna do 3º ano Júlia Falzoni, 17. Segundo ela, os alunos ainda sentem o impacto da greve dos professores, que durou cerca de dois meses na escola.

    "A escola não repôs as aulas perdidas, apesar da boa vontade dos professores", afirma. Os alunos dizem que, atualmente, estão sem docentes de biologia, geografia e sociologia. A Secretaria de Educação, contudo, nega a falta de professores.

    Clique na infografia: Desempenho Enem 2014

    Para Júlia Rodrigues, 15, a greve é o único problema da Alves Cruz. "O ensino é bom, a estrutura é boa e há pouco tempo fizeram uma reforma. O que falta mesmo é repor os professores", diz.

    Na escola, os alunos estudam em período integral. Ficam de 7h às 16h, com uma pausa para almoço e dois intervalos. Todos estão no ensino médio e, desde o primeiro ano, se preparam para o vestibular.

    Segundo a mãe de aluno Elaine Cristina, 48, o diferencial da escola é o programa. "Eles têm um programa legal, desde o começo conversam com o aluno para ajudá-lo a descobrir o que ele quer".

    Além das disciplinas fixas, a escola oferece as eletivas, que são pensadas pelos professores para tornar o ensino mais específico. Um aluno que quer cursar arquitetura pode, por exemplo, se matricular em uma eletiva de desenho geométrico.

    Os alunos também fazem um PV (projeto de vida), que traça um caminho de ensino coerente às suas áreas de interesse. Na PA (preparação acadêmica), os professores passam noções de estudo e treinamento para provas como o Enem.

    Os alunos também podem criar clubes de estudo que eles próprios administram. Na Alves Cruz, há clubes de moda, skate, violão, teatro, entre outros. O reforço de matemática é feito duas vezes por semana e o curso pré-vestibular, apenas para alunos do último ano, ao sábados.

    Segundo os estudantes, conseguir uma vaga é difícil, principalmente para o último ano. Eles dizem que a preferência fica para quem já é aluno ou tem algum estudante na família.

    Apesar dos elogios, alguns alunos reclamam que a cobrança da diretoria para a Alves Cruz ser uma "escola modelo" não acompanha a realidade. "É muito melhor que outras escolas, mas temos alguns professores ruins, as salas ficam sujas e alguns ventiladores estão quebrados", diz Stephanie Monteiro, 18.

    Bruna Buarque, 17, conta que "a escola prega o protagonismo do aluno, mas barram os projetos". De acordo com a estudante, os alunos demoraram dois anos para conseguir autorização da diretoria para a criação de um grêmio estudantil.

    OUTRO LADO

    A Secretaria Estadual de Educação afirmou, em nota, que "não são verdadeiras as informações de que as salas de aula não têm a limpeza conservada ou que há ventiladores quebrados."

    "Também não são corretas as alegações de que não há professores de geografia e filosofia atuando na unidade. O professor de geografia, por exemplo, leciona aos alunos do Ensino Médio da Antonio Alves Cruz desde 2012. A escola constituiu seu primeiro grêmio estudantil em 2006 por meio de eleição realizada pelos próprios alunos", conclui o órgão.

    Clique na infografia: Desempenho Enem 2014

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