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    Pelo 3º ano, SP perde vantagem sobre a rede pública do país no Enem

    ANDRÉ MONTEIRO
    DE SÃO PAULO
    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    06/08/2015 02h00

    A vantagem das escolas estaduais de São Paulo no Enem em relação ao ensino público dos outros Estados do país voltou a cair em 2014, pelo terceiro ano seguido.

    Embora a nota média desses colégios paulistas tenha tido uma leve alta, no resto do Brasil houve mais avanço.

    Com isso, os 506 pontos da rede estadual de São Paulo ficaram apenas 4,3% acima da média de 485 pontos das outras unidades da federação.

    Esse recuo da vantagem paulista é uma tendência que repete anos anteriores. No Enem de 2013, a nota de São Paulo era 4,6% acima das demais. Em 2012, 5,4%.

    Editoria de arte/Folhapress

    Para calcular as médias, a Folha considerou as notas das escolas nas quatro provas objetivas do Enem –linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza.

    O cálculo foi feito com as notas divulgadas em cada ano pelo Ministério da Educação –escolas pequenas ou com baixa participação no Enem não entram na lista.

    Questionada, a Secretaria de Educação da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que o Enem "é uma importante avaliação individual e de participação voluntária. Não é, contudo, destinado a produzir relatório de qualidade dos sistemas de ensino".

    Apesar disso, ela ressalta que o cálculo feito pela reportagem "mostra avanço na média estadual se comparado com os anos anteriores".

    Em 2013, a média de São Paulo foi de 498 pontos.

    A pasta sustenta que dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) "mostram que São Paulo tem o segundo melhor ensino médio público do país".

    Clique na infografia: Desempenho Enem 2014

    Na última edição desta avaliação (2013), porém, o Estado apresentou piora em seu desempenho e não atingiu a meta esperada para a rede.

    A redução da distância do Enem da rede paulista em relação ao do restante do país indica que outros Estados podem estar melhorando o ensino num ritmo mais rápido.

    No último Ideb, por exemplo, nove Estados melhoraram o ensino médio público e seis atingiram suas metas.

    Para a gestão Alckmin, "o desempenho de São Paulo é superior ao resto do país. Portanto, a melhora será inferior aos Estados cuja escala para avançar é maior".

    A Secretaria de Educação afirma que indicadores voltados a medir a qualidade do ensino "mostram que a rede estadual paulista –inclusiva, universalizada e que não faz seleção de alunos– tem avançado no ensino médio, conseguindo reverter em São Paulo a tendência nacional de piora do ciclo".

    A pasta cita que no Idesp, indicador estadual, o ensino médio teve em 2014 o melhor resultado em cinco anos.

    Especialistas afirmam que o ensino médio também depende de melhorias nas séries anteriores para avançar.

    ELITE

    A participação das escolas públicas e privadas de São Paulo na elite do Enem voltou a crescer no ano passado.

    No conjunto de 10% dos colégios de todo o país mais bem colocados no exame, 34% eram paulistas. Na edição anterior, eram 32%.

    A maior parte dos colégios paulistas nessa seleção é da rede particular. As escolas públicas são apenas 7% do grupo, e todas são escolas técnicas, que fazem seleção.

    A Secretaria de Educação afirma que, "das 100 melhores escolas estaduais brasileiras, 77 são paulistas que lideram o ranking com folga".

    A situação da rede pública de SP na próxima edição do Enem, entretanto, pode piorar. Neste ano os alunos tiveram as aulas afetadas devido à greve de professores -com 89 dias, foi a paralisação mais longa já feita pela categoria.

    COLÉGIOS TÉCNICOS

    A presença de escolas públicas entre as melhores médias do Brasil no Enem avançou novamente em 2014, embora ainda seja minoritária.

    A elite das escolas públicas é formada por uma maioria de colégios federais, que geralmente têm cursos técnicos ou são ligados a universidades e fazem seleção de alunos.

    Entre os 10% dos colégios mais bem colocados no exame do ano passado, 9,4% eram públicos. Desses, dois terços são federais e um terço, estaduais –boa parte deles com cursos técnicos.

    No Enem 2013, eram 7,3% escolas públicas entre as 10% mais bem colocadas –primeiro avanço em quatro anos.

    Essa participação passou a cair em 2009, quando houve a ampliação do Enem, que passou a funcionar, na prática, como um vestibular para selecionar calouros das universidades federais.

    Apesar do novo avanço, a escola pública com melhor média aparece só na 22ª posição do ranking: Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória, colégio técnico que seleciona seus alunos.

    No último Enem, o público com maior nota –colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG)– aparecia na 12ª posição. Nos resultados de 2012, a mesma escola figurava em 7º, mas em 2014 ela aparece em 32º.

    Especialistas veem com cautela os resultados das escolas no Enem e ponderam que avanços no ranking não significam necessariamente melhoria nas redes de ensino -há outros indicadores para aferir a qualidade da educação, como a Prova Brasil.

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