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    Política de melhoria deve focar escolas com problemas, diz secretário de PE

    FABIO MAZZITELLI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/08/2015 13h12

    Reduzir a desigualdade entre escolas top e periféricas nas redes públicas e garantir a tradução para os professores dos indicadores educacionais são alguns dos principais desafios para melhorar a qualidade do ensino médio no país.

    A avaliação foi feita por especialistas na área, em debate promovido pelo Instituto Unibanco, na quinta-feira (5)

    Secretário de educação de Pernambuco, Fred Amancio detalhou no evento as estratégias implementadas no Estado, que desde 2007 consegue melhorar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) –atualmente, possui o quarto melhor índice no ensino médio entre as 27 unidades da federação (3,6).

    Nesse período, Pernambuco reduziu as taxas de abandono escolar e focou em um índice de desenvolvimento educacional próprio, fixando metas de desempenho e monitoramento dos resultados que permite correções de rota durante o ciclo educacional.

    "Nossa visão não está só focadas em metas, mas na construção de estratégias para o dia a dia da escola", disse Amancio.

    Jorge Araujo/Folhapress
    O secretário da Educação de Pernambuco, Fred Amancio, durante debate em SP
    O secretário da Educação de Pernambuco, Fred Amancio, durante debate em SP

    O encontro fez uma das primeiras reflexões sobre as metas de desempenho para escolas públicas, que passaram a ser adotadas nos últimos dez anos com a instituição da Prova Brasil e do Ideb no nível federal e de sistemas de avaliação similares elaborados por Estados brasileiros.

    Em Pernambuco, apesar do viés de alta, o Estado diagnosticou a acentuação de desigualdades de desempenho entre as escolas da rede pública, o que forçou a criação de política específica para combater tais diferenças.

    "A gente estava criando grupos de escolas com notas espetaculares e grupos de escolas com notas muito ruins. A gente percebeu que, se a gente não melhorasse, aumentaria [a diferença entre os grupos]", afirmou o secretário.

    A partir do diagnóstico, Pernambuco fixou as escolas com Ideb abaixo de 3,2 como "escolas prioritárias", com estratégias e ações pedagógicas especiais.

    O secretário de educação diz que ficaria satisfeito se todas as escolas públicas de seu Estado estivessem com 4 no Ideb, o que seria para ele um resultado do desenvolvimento de um olhar "mais Finlândia, e menos Coreia" –em outras palavras, se alcançaria uma rede com menos escolas com problemas agudos, mais equânime.

    Em outros Estados, como São Paulo, também foi criada estratégia específica focada na redução da desigualdade de aprendizado entre as escolas da rede pública.

    "O maior legado do Ideb é a mobilização pelo direito de aprender", disse Lúcia Couto, gerente de desenvolvimento e conteúdo do Instituto Unibanco, que também participou do debate. "Trabalhar com metas (na educação), com rigor técnico, é mais do que necessário."

    'TRADUÇÃO' DO RESULTADO

    Na visão dos debatedores, a fixação de metas de desempenho para as escolas públicas no Brasil iluminou caminhos para a melhoria da qualidade do ensino, mas ainda precisa garantir a mobilização de quem está na ponta da cadeia de ensino.

    "O Brasil hoje é exemplar na coleta de dados, mas a comunicação e o entendimento [dos resultados das avaliações e dos indicadores] ainda é deficitário", afirmou Tadeu da Ponte, professor do Insper e mestre em matemática pela USP. "Gestão para resultados é algo que tem de ser mostrado, ensinado", disse.

    O lançamento de um portal na internet para explicar aos professores da rede pública os resultados da Prova Brasil, programado para este mês de agosto pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), foi citado como uma ferramenta inicial para melhorar essa "tradução" pedagógica dos indicadores educacionais.

    "É um passo esperado. Mas, se não houver formação (dos professores para usar o portal), pode virar letra morta", afirmou Lúcia Couto, do Instituto Unibanco.

    SOBREPOSIÇÃO

    O secretário de Educação de Pernambuco reconheceu que há "sobreposição de custos" para as avaliações educacionais aplicadas aos estudantes da rede pública do Estado.

    Segundo ele, isso se deve à forma como a Prova Brasil é aplicada aos alunos do ensino médio.

    Nessa etapa, a avaliação não é universal (censitária), mas sim amostral (aplicada para alguns grupos de acordo com critérios estatísticos), o que impede fechar um diagnóstico por escola.

    Amancio disse já ter levado ao ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, proposta para tornar a Prova Brasil censitária também no ensino médio, etapa de ensino estagnada em um patamar baixo de qualidade no país.

    Se isso ocorresse, o gestor pernambucano afirma que utilizaria em um ano os resultados do exame federal, realizado bienalmente, e no ano seguinte os dados da avaliação estadual.

    "Os recursos em educação são escassos ", diz. "Há uma sobreposição de custos, sim."

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