• Educação

    Thursday, 02-May-2024 08:04:47 -03

    Unifesp em Guarulhos será reaberta em 2016 já com falta de vagas

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    31/08/2015 02h00

    Após oito anos em obras, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) vai inaugurar no primeiro semestre de 2016 o novo prédio do campus Pimentas, na periferia de Guarulhos (Grande São Paulo). Mas a estrutura já nascerá superlotada.

    A unidade Guarulhos da Unifesp foi inaugurada em 2007 por Fernando Haddad (PT), então ministro da Educação e atual prefeito de São Paulo. Nasceu sem o que seria seu prédio principal, e a falta de espaço fez com que muitos estudantes tivessem aulas em uma escola infantil ao lado.

    A sede finalmente começou a ser construída em 2013 após uma série de problemas na licitação. Quando for entregue, em 2016, não vai conseguir dar conta de todos os 3.224 estudantes matriculados.

    Até as obras ficarem prontas, toda a estrutura da unidade precisou ser deslocada para um colégio de ensino médio particular, por um aluguel mensal de R$ 250 mil. O novo aperto agora vai ocorrer porque o projeto do prédio novo não previa aulas de pós-graduação nem o aumento do número de estudantes e grupos de estudo.

    Devido à lotação, professores contratados para dar aulas de mestrado e doutorado no período noturno terão de adaptar seus horários e trabalhar de manhã e à tarde.

    A Unifesp reconhece que o horário noturno é o mais recomendado para os estudantes de pós-graduação, mas que a mudança é necessária devido à maior disponibilidade de salas pela manhã. Por mais espaço no novo campus, as salas individuais para professores previstas no projeto serão divididas por até cinco docentes.

    Professores dizem que a divisão desestimula a permanência deles na universidade. "O ideal é o professor ter seu espaço próprio para receber o aluno. Se isso não ocorre, ele acaba optando por trabalhar em casa", disse um docente que pediu anonimato.

    O pró-reitor adjunto de planejamento do Unifesp, Pedro Arantes, admite esses problemas e diz que a Unifesp negocia parcerias com a prefeitura para adquirir novos terrenos para construir mais espaços acadêmicos na região.

    "O prédio foi concebido há oito anos, com um terço dos professores de hoje e sem a pós-graduação. A escolha do terreno foi feita sem uma política de áreas e agora temos de corrigir isso", diz Arantes.

    O pró-reitor adjunto afirmou ainda que a universidade já fez a licitação para reformar o edifício Arco, que fica no mesmo terreno do novo prédio. O local deverá abrigar algumas salas, como a dos professores e de iniciação científica.

    O aluno de história, Fábio Junio, 22, diz que quer voltar a estudar o quanto antes no campus dos Pimentas. "É necessário descentralizar as universidades. Espero que ela também interaja e ajude a comunidade. Não quero que os alunos fiquem numa 'bolha'", diz Junio.

    NOVOS CURSOS

    Para que a falta de lugares não se agrave ainda mais, a universidade vai adiar a implantação de três novos cursos já aprovados pelo conselho do campus: arqueologia, arquivologia e museologia. A ideia é que eles só sejam incorporados quando houver certeza de que haverá a estrutura necessária para aulas.

    "Vamos apurar se é possível implantar esses cursos. Já estamos em negociação para conseguir um espaço para a arqueologia porque no campus [Pimentas] não será autorizado", afirmou Arantes.

    Professores disseram que, além de salas de aula, esses cursos também dependem da construção de um museu e de espaços para guardar objetos encontrados. Também são necessárias salas para armazenar ferramentas para escavações e restaurações. Os cursos também dependem de aprovação do Ministério da Educação.

    'AVANÇO GRANDE'

    O pró-reitor adjunto disse que a universidade vai deixar de usar o colégio alugado no centro de Guarulhos quando o campus estiver pronto. Ele não descarta, porém, voltar a usar a escola ao lado do campus para aulas "eventuais".

    Arantes diz que o campus Pimentas pode receber até 4.000 alunos. Mas, mesmo com a falta de espaço, os professores dizem que o prédio novo é um avanço "bem grande" se comparado à estrutura atual.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024