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    Dinheiro nem sempre é solução na educação pública, diz economista

    CLÁUDIO GOLDBERG RABIN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    02/09/2015 19h14

    Em sistemas de educação, pesquisas mundiais têm mostrado que mais dinheiro para motivar os trabalhadores nem sempre é a solução para os problemas do setor.

    Em um painel do seminário internacional Caminhos para a Qualidade da Educação Pública: Gestão Escolar, na tarde desta quarta-feira (2), o economista e professor do Insper Ricardo Paes de Barros discutiu estratégias que possam ajudar o Brasil a cumprir as metas da educação. O evento foi promovido pelo Instituto Unibanco e pela Folha.

    Paes de Barros disse que os sistemas de motivação extrínseca, aqueles que oferecem algum tipo de vantagem ao indivíduo, podem ter efeitos negativos e positivos. Podem funcionar como um empurrão para quebrar a inércia e permitir às pessoas a realização de tarefas, mas também, tal como um vício, determinar que a recompensa seja a única forma de motivação.

    Embora as experiências mundiais coloquem em dúvida a funcionalidade do impacto do incentivo financeiro, o professor acredita que, dada a dimensão da desigualdade brasileira na educação, o estímulo é uma ferramenta que pode ser importante.

    "As pesquisas têm questionado os resultados dos programas, mas talvez apenas não saibamos como desenhá-los", disse.

    No mesmo painel, que discutiu o que se pode aprender com experiências nacionais e internacionais, o professor de economia da USP Ricardo Madeira lembrou que o desejo por uma maior autonomia nas escolas pode ter um efeito reverso no sistema como um todo.

    "Ela pode ser perigosa. Há estudos que indicam que [uma maior autonomia] pode acabar promovendo a desigualdade dos resultados educacionais", disse.

    Isso porque na transferência de responsabilidade do governo central para um governo local que, por estar perto, tem mais informações sobre o problema que vivencia, nem sempre existe uma estrutura institucional que acompanhe o processo.

    Também presente à mesa, Lucia Couto, gerente de Desenvolvimento e Conteúdo do Instituto Unibanco, lembrou ainda que os sistemas de avaliação revelaram que o Brasil "tinha um desejo frustrado".

    "Há 20 anos a avaliação mostra que a escola não cumpriu a missão histórica, que é a garantia de aprendizagem."

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