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    União entre docentes, sindicato e governo fez educação subir no Canadá

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    05/09/2015 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    Mary Jean Gallagher, Vice-Ministra de Educação da província de Ontário, no Canadá
    Mary Jean Gallagher, Vice-Ministra de Educação da província de Ontário, no Canadá

    A província canadense de Ontário conseguiu melhorar o nível de aprendizagem de praticamente todos os alunos, atingindo notas semelhantes a dos a dos melhores países nas avaliações educacionais, como a Finlândia.

    Um dos segredos é cooperação entre governo, diretores, docentes e sindicato, diz Mary Jean Gallagher, vice-ministra da Educação de Ontário.

    Apesar de alto nível socioeconômico, a província já teve de enfrentar problemas presentes na educação brasileira, como falta de engajamento e baixo desempenho dos estudantes mais pobres e dos imigrantes.
    A defasagem na nota desses estudantes para os demais caiu de 30% para 3%, em pouco mais de dez anos.

    A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Folha por Gallagher, uma das palestrantes do seminário sobre gestão escolar.

    *

    Histórico
    Nos anos 1970, com a geração hippie, estudantes podiam aprender o que queriam. Isso gerou críticas a partir dos anos 1990, pois os alunos se formavam com menos habilidades do que se esperava. Uma das medidas à época foi implementar a avaliação das escolas, que eram publicadas nos jornais. O efeito não foi tão positivo. Escolas se preocupavam com os resultados por um curto período e voltavam para a vida normal.

    Sem êxito
    No final dos anos 1990, o governo adotou uma política de cima para baixo, fixando padrões para todas as escolas. A ideia era melhorar o padrão de leitura e matemática, mas não houve muito êxito.
    Em 2003, assumiu um novo governo e ele passou a tentar envolver diretores, professores e sindicatos para encontrar uma solução. Até então, ocorriam muitas greves, disputas com o governo. Foi colocado como objetivo que 85% dos alunos deveriam se formar [eram 68%]. Isso era ousado, porque envolvia todos os jovens, pobres, imigrantes. Já chegamos a 83%.

    Solução
    Foi criada uma agência para atuar em cooperação com diretores e professores. Os resultados de cada escola ainda são divulgados, todos podem saber se um colégio está fazendo um bom trabalho. A agência incentiva que ações que estão dando certo sejam replicadas. Fazemos vídeos nas escolas com bons trabalhos e colocamos online. Também chamamos professores com bom desempenho para disseminarem boas práticas.

    Sindicato junto
    Não estamos tendo melhoria em matemática, as notas até caíram. Então chamamos o sindicato e demos verba para seminários, para chegarmos a uma solução. Estamos remodelando alguns pontos, esperamos efeito em alguns anos.

    Várias opções
    Também incentivamos diferentes caminhos para os alunos. Havia escolas que apoiavam quem queria ir para a universidade, mas não quem desejava ser mecânico. E podemos precisar mais de encanador do que de advogado.

    Foram feitos programas para incentivar esses outros caminhos. Um deles permite que a escola, em troca de mais recursos, ofereça formação em alguma área da indústria. Os alunos continuam tendo conteúdos regulares, mas nos dois últimos anos, podem aprender num local de trabalho.

    E os professores enfatizam temas ligados à carreira. Se estão interessados em mineração, na aula de matemática pode usar exercícios relacionados à mineração. Queremos dar sentido à escola aos que estavam desmotivados.

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