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    Não dá para prever como a crise afetará a USP, afirma reitor

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    15/09/2015 02h00

    Diego Padgurschi/Folhapress
    Marco Antonio Zago, reitor da USP, em seu gabinete em São Paulo
    Marco Antonio Zago, reitor da USP, em seu gabinete em São Paulo

    O reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirma ser "impossível saber o tamanho das restrições orçamentárias" que a instituição sofrerá nos próximos anos.

    Melhor universidade na edição 2015 do RUF (Ranking Universitário Folha), a escola tem cortado gastos desde o ano passado, devido a uma explosão de despesas com folha de pagamento –resultado de reajustes salariais e contratações anteriores.

    A recessão econômica que o país enfrenta agora agravou o quadro. O orçamento da USP depende da arrecadação do governo estadual.

    "USP, Unesp, Unicamp, universidades federais, o Brasil como um todo passará por período de restrições financeiras. Não sabemos o tamanho", disse o reitor nesta segunda-feira (14). "Certamente será um processo longo."

    Apesar da situação incerta, Zago diz que a universidade é uma das mais preparadas para manter a qualidade.

    Com reserva orçamentária equivalente a quatro folhas salariais mensais, o reitor diz que a instituição entendeu que o problema tem de ser resolvido internamente.

    "Antes, iríamos pedir mais verba para o governador. Mas aí tiraríamos da Secretaria da Educação?", questiona.

    Infográfico: As dez melhores de 2015 segundo o RUF

    A USP recebe um percentual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e tem autonomia para gastar o recurso.

    Zago diz que, neste momento, não está no horizonte nenhum novo grande corte de despesas. Já foi feito um plano de demissão voluntária, que abrangeu 7% dos técnicos, e o congelamento de grandes obras e contratações.

    Ainda assim, só a folha de pagamento consome 102% do que o governo repassa.

    Apesar do predomínio da USP no RUF (teve a melhor graduação em 29 dos 40 cursos considerados), Zago afirma que o ensino da universidade precisa melhorar.

    "Já é bom, mas, como reitor, me sinto à vontade para dizer que pode ser melhor."

    Zago diz que os cursos precisam ter currículos mais flexíveis, que formem os alunos em "habilidades múltiplas".

    Outro problema, diz o reitor, é que há a sensação de que é mais prestigioso para o professor publicar um trabalho científico do que dar um bom curso de graduação. Assim, muitos docentes se desinteressam pelo ensino.

    Para tentar mudar esse quadro, a universidade decidiu dar às unidades poder de mudar currículos dos cursos, o que antes tinha de ser analisado por um conselho central.

    De acordo com o pró-reitor de graduação, Antonio Hernandes, a mudança fez com que um novo currículo possa entrar em prática em três meses; antes, eram 18.

    Também foi criado para os professores um centro de aperfeiçoamento de ensino, que ajudará tanto a melhorar a técnica do magistério quanto a aumentar o uso de mídias digitais para as aulas.

    O reitor diz não saber quando surtirá efeito o novo modelo de segurança para a Cidade Universitária, baseado no conceito de policiamento comunitário, com policiais permanentes no local.

    Antes, a polícia entrava no campus em ações pontuais. "Certo é que o que tínhamos não estava dando certo."

     Consulte o ranking de universidades e de cursos
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