• Educação

    Saturday, 18-May-2024 23:00:39 -03

    Não se pode usar currículo nacional como receitinha, diz diretora de ONG

    ADRIANO QUEIROZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/09/2015 02h00

    A diretora executiva da ONG "Todos Pela Educação", Priscila Fonseca da Cruz, defende a base curricular comum apresentada pelo governo federal nesta quarta-feira (16).

    O Ministério da Educação apresentou uma primeira proposta para o conteúdo que deve ser ensinado em salas de aula de todo o país, desde a educação infantil até o ensino médio. É uma espécie de currículo nacional.

    Etapa escolar que amarga baixos indicadores de qualidade em sucessivas avaliações do governo federal, o ensino médio poderá ganhar um currículo flexível.

    Porém, a diretora da ONG pondera que as escolas devem ir além do conteúdo mínimo proposto.

    *

    Folha - A sra. é a favor de um currículo nacional com base comum? Ele deve ser mais aberto ou mais fechado?
    Priscila Fonseca da Cruz - A definição de uma base faz com que se tenha clareza em relação ao que os alunos têm direito de aprender.
    É questão também de equidade porque, muitas vezes, em escolas que atendem uma população com condição socioeconômica mais alta, aquilo que se espera que os alunos aprendam é superior, enquanto há municípios e Estados com baixíssimas expectativas, que acham normal haver mais de metade das crianças analfabetas em determinada série.

    Quais as preocupações?
    É preciso um currículo que vá além desse documento. [O risco] é que aquilo que deveria ser uma base nacional possa virar um currículo máximo, com as escolas focando só nisso.
    Quando o ministro fala que isso [conteúdo fixo do currículo] é 60% e tem de haver outros 40% [a serem definidos] é uma sinalização importante. Como a gente garante que as escolas não vão pegar esse documento e interpretar como se fosse a receitinha do primeiro ano?

    E a flexibilização do currículo do ensino médio?
    É uma discussão no Congresso Nacional e que o Todos pela Educação defende. Os alunos hoje vão lá cumprir tabela, fazer Enem, tirar pontuação e cuidar da vida. A gente precisa resgatar e modernizar nosso ensino médio.
    E é importante que tenha uma escola com identidade. Uma que está no campo trabalha mais questões ligadas ao ambiente. Outra com vocação tecnológica, em que os alunos adoram computador.

    Infográfico: Currículo Nacional da Educação Básica

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024