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    MBAs preparam profissionais para atuar nas áreas problemáticas do país

    CAMILA DE LIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/10/2015 02h00

    Problemas brasileiros como os entraves na educação e na saúde imploram por boa gestão. Vários cursos de MBA se propõem a formar especialistas nesse tipo de encrenca, e mercado não costuma faltar para quem se dedica a tentar combater a ineficiência em áreas cruciais.

    Os cursos de gestão pública ilustram isso. Há espaço para profissionais com essa formação tanto no setor público quanto no privado.

    Segundo Isis Borges, gerente de divisão da recrutadora Robert Half, empresas particulares também se interessam por gestores públicos, uma vez que eles podem liderar equipes de companhias que precisam passar por licitações ou cuja área exige relação com órgãos do governo.

    Coordenador de um dos muitos cursos da área oferecidos no Brasil, Mauro Santos, da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que os formados são capazes de gerir vários aspectos das contas públicas, como compras, processos de licitação e planejamentos em longo prazo, sem falar na habilidade de coordenação de ação entre diferentes instituições de governo.

    "Em época de ajuste fiscal, eficiência é palavra essencial. E um dos caminhos para se chegar a ela é ter burocratas com boa formação", diz Santos, trazendo a conjuntura atual para a conversa.

    "A qualificação do profissional ajuda a criar uma política mais amigável com a democracia. Isso não é um sonho, mas um desafio", diz.

    BUROCRATA ESPERTO

    O professor diz que a ideia do curso da FGV é criar "burocratas mais inteligentes", atentos a processos novos de administração para aplicá-los na máquina pública.

    "Fazemos a gestão pública do jeito que se fazia no século 18", diz Valmor Slomski, conselheiro da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e professor do MBA de contabilidade pública.

    "A tendência do setor público é a acomodação, o que prejudica a qualidade de políticas públicas", concorda Borges, segundo quem a saída está na formação de profissionais inovadores.

    Slomski explica que há uma distância entre a tecnologia atual e a maneira com que as políticas públicas são aplicadas, o que amplia a ineficiência de todo o processo.

    O conselheiro da Fipecafi lembra que profissionais com aperfeiçoamento nesses MBAs podem ajudar a dar transparência às contas públicas e ampliar ferramentas para detectar possíveis desvios de dinheiro. "É uma formação que tem tudo a ver com o combate à corrupção."

    GESTORES PROFISSIONAIS

    Não é a falta de verba que aflige a saúde brasileira, mas a maneira como os recursos são administrados, afirma Tânia Regina Furtado, coordenadora do curso de MBA de gestão em saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV).

    Por isso, continua ela, é importante oferecer formação robusta nesse campo. Assim, será possível desatar um nó da saúde: aliar análise de custos ao atendimento do público. Não adianta o especialista cuidar do paciente e esquecer os custos financeiros de suas decisões, diz Furtado.

    "Eficácia e eficiência no uso dos recursos são determinantes para o país, principalmente no setor público", afirma Sílvio Laban, coordenador de MBA do Insper, que oferece curso de gestão em saúde em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein.

    A educação é outra área com verba alta e falta de administradores. "O gestor tem papel estratégico de articulador no ambiente escolar. Ele deve ser um profissional capacitado, assim pode melhorar a qualidade do processo educativo", afirma Vasti de Araujo, docente do MBA em gestão escolar do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

    Voltado para quem já trabalha com educação, o curso forma líderes antenados tanto na situação da área no país quanto nas novas tecnologias disponíveis. O formado também deve ser capaz de analisar, criar e gerir políticas públicas ligadas ao setor.

    A gestão sustentável é outro eixo importante dos cursos de MBA. "Sustentabilidade vai ser o foco das próximas empresas, há um movimento internacional para que elas sigam este caminho", afirma Tereza Cristina Carvalho, coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica da USP.

    Para Haroldo Mattos, coordenador do MBA em gestão ambiental e sustentabilidade da FGV, a procura de empresas por profissionais da área é alta para aplicar projetos.

    Na área pública, segundo ele, ainda falta mão de obra para os setores de fiscalização e de criação de políticas públicas.

    *

    Entenda o MBA

    O QUE É?
    No Brasil, é reconhecido como uma pós-graduação lato sensu (especialização) e pode ter uma área específica de interesse, como tecnologia da informação. Nos Estados Unidos e na Europa, é um mestrado em administração e negócios com um currículo padronizado

    QUANTO DURA?
    Dois anos, em média

    QUANDO FAZER?
    Para aproveitar melhor os cursos, o ideal é ter no mínimo dois anos de experiência
    em negócios ou administração

    O SALÁRIO AUMENTA?
    Sim, mas nem tanto. Para profissionais brasileiros, um mestrado vale mais, em média, do que uma pós-graduação lato sensu. Já um MBA em faculdades de elite nos EUA pode dobrar a remuneração

    Salário

    Opções de MBA em áreas estratégicas

    SUSTENTABILIDADE

    Gestão ambiental e Sustentabilidade
    ONDE FAZER FGV Botafogo (RJ); Veduca (online); UFScar; Estácio; Unisal
    DURAÇÃO de 12 a 24 meses
    CURRÍCULO Princípios de gestão de negócios, direito ambiental e aplicação de políticas e práticas que possam buscar soluções de problemas socioambientais. É desejável experiência profissional na área
    QUANTO CUSTA de R$ 3.270 a R$ 27,8 mil

    EDUCAÇÃO

    Gestão Escolar
    ONDE FAZER FMU (curso a distância); Esalq-USP (curso a distância); Universidade Ibirapuera; Unip
    DURAÇÃO 12 meses
    CURRÍCULO Disciplinas sobre gestão de recursos humanos, finanças, projetos, marketing e orçamento público são dadas junto às de supervisão escolar, e sistema educacional. Voltado para quem procura atuar na área escolar, seja pública ou privada
    QUANTO CUSTA de R$ 4.470 a R$ 22.350

    SAÚDE

    Gestão de Saúde
    ONDE FAZER Insper (SP); FGV/RJ; Unisinos (RS); USP; Faculdade Oswaldo Cruz; PUC/MG
    DURAÇÃO de 18 a 24 meses
    CURRÍCULO Matérias como estatística, gestão estratégica e de custos em saúde, produtividade nas operações em empresas de saúde e regulação fazem parte do currículo junto de disciplinas que estimulam a habilidade de liderança do aluno
    QUANTO CUSTA de R$12.980 a R$ 44.325,75

    POLÍTICAS PÚBLICAS

    Gestão Pública
    ONDE FAZER FGV/Brasília; Escola Paulista de Direito; LFG; Unisantos; Estácio; FMU
    DURAÇÃO de 12 a 24 meses
    CURRÍCULO Matérias como economia, direito e gestão pública
    QUANTO CUSTA de R$ 4,5 mil até R$ 17 mil

    Contabilidade Pública
    ONDE FAZER Fipecafi; Universidade Gama Filho; Uniso; Uninter
    DURAÇÃO 12 meses
    CURRÍCULO Inclui aulas de direito, planejamento, instrumentos financeiros e custos no setor público, além de disciplinas específicas sobre contabilidade
    QUANTO CUSTA R$3.450 a R$ 20 mil

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