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    Separar alunos de SP por ciclo de ensino não é educar, afirma psicóloga

    DE SÃO PAULO

    30/10/2015 02h00

    Professora da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Angela Soligo vê "com preocupação" as mudanças implementadas pelo governo de São Paulo.

    A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta quarta (28) que "fechará" 94 escolas paulistas durante a reorganização de ciclos de ensino.

    Segundo ela, o Estado deveria aproveitar que tem diminuído o número de estudantes no ensino básico para reduzir também o tamanho das turmas. E não fechar escolas.

    A avaliação dela é semelhante ao posicionamento institucional da faculdade, que aprovou moção de repúdio contra a reorganização. Abaixo, a entrevista com Soligo, psicóloga e ex-coodenadora do curso de pedagogia da Unicamp.

    *

    Folha - Qual é a avaliação da senhora sobre a reorganização das escolas?
    Angela Soligo - A reestruturação ideal significaria identificar exatamente o que tem impacto na qualidade do ensino. Não consta que a segmentação esteja entre as prioridades.
    Uma das minhas maiores preocupações é o fechamento de 94 escolas [a rede estadual possui atualmente 5.147].
    Significa colocar mais alunos nas escolas abertas. Não imagino que aumentar o tamanho das turmas melhore a qualidade das escolas. Pelo contrário. Por que não aproveitar que há menos alunos e diminuir o tamanho das turmas?
    Além disso, o governo fez a mudança sem ouvir alunos, família, professores. É difícil ter sucesso com esse procedimento.
    É uma alteração que afeta a vida dos alunos. Mudar de escola, se adaptar, não é uma tarefa fácil.

    Mas reunir alunos com perfis semelhantes não facilita a gestão da escola?
    Separar não é educar. Jovens e crianças precisam aprender a conviver juntos.

    Mas há reclamação generalizada de que quanto mais velho o estudante mais ele desrespeita os professores e outras pessoas. Esse clima não pode ser prejudicial para crianças menores?
    Educar não é fácil, seja na escola, seja em casa. Você precisa colocar o indivíduo em um ambiente com regras que podem não fazer sentido para ele num primeiro momento.
    Mas qual tem sido a reação das escolas diante das dificuldades? Punir ou se omitir. Nenhuma das opções é interessante. A escola precisa conversar com os estudantes, insistir.

    Infográfico: Mudanças na educação

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