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    Ato de estudantes em Itaquera contra plano de Alckmin acaba com 2 detidos

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    03/12/2015 11h07

    Um protesto de estudantes da escola estadual Salvador Allende, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, terminou com dois manifestantes detidos na manhã desta quinta-feira (3).

    De acordo com estudantes que participavam do ato, a Polícia Militar agiu após os estudantes fecharem a Radial Leste na altura de um terminal de ônibus. Os manifestantes relatam que os policiais usaram cassetetes e spray de pimenta para dispersar o grupo de manifestantes e liberar a via.

    Um vídeo obtido pela Folha mostra policiais carregando dois jovens até um carro de polícia. A dupla aparece lacrimejando por causa da ardência causada pelo spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo.

    Os estudantes se reuniram na escola por volta das 8h antes de seguir para o ato na Radial Leste, uma das vias mais importantes da zona leste. Por volta das 9h, eles fecharam pista com cadeiras durante cerca de 40 minutos.

    De acordo com o aluno do 2º ano do ensino médio no colégio Salvador Allende Danilo Amorim Rocha, 16, policiais militares retiraram as cadeiras à força e usaram spray de pimenta contra todos os estudantes. "Uma menina desmaiou e teve de ser levada para um hospital", conta o aluno que participou do ato.

    Segundo ele, um dos detidos é aluno do colégio Salvador Allende e o outro é estudante de outra escola e apenas apoiava a manifestação.

    Desde o início da manhã, estudantes fazem uma série de protestos em vias de grande circulação de veículos em manifestação contra a reorganização de escolas estaduais na manhã desta quinta-feira (3) em São Paulo.

    O plano de reorganização das escolas estaduais, já publicado em decreto, prevê a divisão das escolas por ciclos únicos (anos iniciais e finais do fundamental e o médio). Segundo o governo, o objetivo é melhorar a qualidade do ensino e evitar, por exemplo, que alunos de seis anos frequentem a mesma unidade de adolescentes de 17 e 18 anos.

    Para isso, 92 escolas serão fechadas, e cerca de 300 mil alunos serão remanejados. A rede paulista tem 5.147 escolas e 3,8 milhões de estudantes. Ao todo, 754 unidades novas escolas terão só um ciclo no Estado a partir do próximo ano.

    Nesta quinta, alunos chegaram a travar o cruzamento da avenida Angélica com a avenida São João, na região central, mas foram dispersados pela Polícia Militar. Ainda na região central, estudantes bloquearam a rua Doutor Albuquerque Lins, na altura da Marechal Deodoro.

    DESBLOQUEIO

    O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse à Folha que não usará a Polícia Militar para fazer reintegrações de posse das escolas ocupadas, mas vai impedir os estudantes de fecharem completamente as vias durante manifestações.

    "Se tiver algum dano, a polícia vai ingressar na escola, mas ela não será usada para fazer a reintegração. Quem vai cumprir a reintegração é a Secretaria da Educação. Temos ordens de reintegração de posse há mais de duas semanas e não fizemos nenhuma", afirmou Moraes.

    Nos primeiros dias de ocupação, a PM montou um cerco ao colégio Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste), pioneiro do movimento dos alunos contra a proposta da gestão Alckmin de reorganização da rede de ensino.

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