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    Secretário da Educação de SP deixa cargo após recuo em reorganização

    FÁBIO TAKAHASHI
    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    04/12/2015 14h36

    Bruno Santos-22.ago.2015/Folhapress
    O secretário estadual da Educação, Herman Voorwald
    O secretário estadual da Educação, Herman Voorwald

    Herman Voorwald não é mais o secretário da Educação de São Paulo. A Folha apurou que Voorwald pediu para deixar a pasta após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciar, nesta sexta-feira (4), uma suspensão na reorganização das escolas estaduais.

    Alckmin aceitou o pedido do secretário, que deixou sua carta de demissão em rápida passagem nesta sexta no Palácio dos Bandeirantes. Ele estava no cargo desde 2011.

    O recuo do tucano, que deverá ser publicado no Diário Oficial deste sábado, ocorreu em meio a uma série de protestos, ocupações do colégios por estudantes e queda em sua popularidade.

    A Folha apurou que a decisão de recuar foi tomada pelo governador sem o aval de Voorwald. O governador agora diz que 2016 será um ano para "aprofundar o diálogo" sobre a reorganização.

    A suspensão das mudanças foi também uma derrota direta de Herman Voorwald, que anunciou o plano às vésperas do final do ano letivo. Na quinta (3), ele foi retirado pelo governador do comando das negociações com os alunos —função entregue ao secretário Edson Aparecido (Casa Civil).

    Voorwald liderou o projeto de reorganização dos ciclos de ensino. O plano de reorganização das escolas, publicado em decreto, prevê que 754 escolas passem a ter apenas um ciclo de ensino no ano que vem (anos iniciais, finais do fundamental ou o médio). Segundo o plano, 92 escolas estaduais seriam fechadas.

    Durante protesto nesta sexta no centro de São Paulo, houve uma chuva de bombas, na perseguição da Polícia Militar a manifestantes que bloqueavam ruas e avenidas da região.

    Durante a tarde, professores comemoraram a decisão do governo de suspender a reorganização. Sindicalistas classificaram o episódio como "dia histórico" em comemoração na praça Roosevelt, centro.

    "Nunca mais a escola paulista será a mesma", afirmou Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores). "O governador dizia até ontem que não haveria recuo. Se vai reorganizar, quem vai decidir é a gestão democrática", disse a sindicalista.

    Os professores marcaram um novo protesto para a próximo dia 10. "Queremos que saia no Diário Oficial a revogação", disse Maria Izabel.

    CARREIRA

    Herman Voorwald foi nomeado por Alckmin em 2011. Doutor em engenharia mecânica pela Unicamp, Herman foi reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e membro do Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Associação Brasileira de Ciências Mecânicas.

    É formado em engenharia mecânica pela Unesp, mestre em engenharia mecânica pelo ITA e doutor em engenharia mecânica pela Unicamp, em 1988. Neste mesmo ano, concluiu também um pós-doutorado na Bélgica.

    POPULARIDADE EM QUEDA

    O recuo de Alckmin ocorre no mesmo dia em que foi divulgada pesquisa Datafolha que aponta a pior popularidade do tucano.

    Nesta rodada, a pesquisa abordou dois temas diretamente relacionados ao governo estadual que podem ajudar a explicar a queda de popularidade do governador: a crise de abastecimento de água e a decisão de fechamento de escolas públicas, com o consequente remanejamento de alunos.

    Em relação à remodelação nas escolas, de cada dez eleitores, seis (61%) são contra as mudanças promovidas pelo governo; três (29%) são favoráveis. A discordância chega a 69% entre os mais jovens.

    O Datafolha também coletou a opinião do eleitorado a respeito das ocupações de escolas por parte de estudantes. A maioria (55%) manifestou apoio aos protestos -que se espalharam e já atingem 196 colégios no Estado. Outros 40% foram contra.

    Avaliação do governo Alckmin - Em %

    A pesquisa foi feita antes da decisão dos alunos de levar os protestos para as ruas, com a obstrução de vias. Antes também, portanto, das cenas de policiais tentando desmobilizar as manifestações.

    Num indicativo do impacto dessas medidas no dia a dia, um terço dos entrevistados afirmou que tem filho ou algum adolescente ou criança em casa matriculado na rede pública estadual de ensino. Entre os mais pobres (renda familiar mensal de até dois salários mínimos), a taxa vai a 45%.

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