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    Radicalização dos protestos e ação da PM forçaram recuo de Alckmin

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO
    THAIS ARBEX
    DO PAINEL

    05/12/2015 02h00

    A suspensão da reorganização das escolas foi decidida em reunião na manhã desta sexta (4), no Palácio dos Bandeirantes. Participaram o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e os secretários Alexandre de Morares (Segurança) e Edson Aparecido (Casa Civil). O da Educação, Herman Voorwald, já sem poder, não foi convidado.

    Na mesma manhã, a Polícia Militar fazia uma das ações mais tensas contra os manifestantes que tentavam barrar o plano de ensino.

    Na rua da Consolação (centro), os policiais despejaram uma "chuva de bombas" contra alunos que fecharam a via.

    O "trancamento" de vias importantes, que começou na segunda, foi crucial para o fortalecimento dos protestos.

    Se por um lado irritou motoristas e causou congestionamento, por outro causou reação forte da polícia. Imagens de jovens agredidos ou acuados se espalharam pela mídia, em programas populares de TV e pelas redes sociais.

    Inspirada nos atos do Movimento Passe Livre, a estratégia foi adotada após estudantes avaliarem que a ocupação das escolas não era suficiente para fazer o governo ceder -até a noite de quinta, a gestão tucana seguia com a implementação do plano.

    Também havia ficado claro, após vazar áudio de reunião na Secretaria de Educação, que a estratégia do governo seria desidratar o movimento -tentando negociar nos colégios com menos mobilização e deixar o restante do movimento tachado como político e radical.

    As imagens de PMs usando a força contra jovens, aliadas à pesquisa Datafolha que mostrou Alckmin em baixa popularidade, deixaram o plano sem sustentação política.

    Um dos auxiliares que participaram da reunião derradeira afirmou: "Estamos disputando espaço com o impeachment da Dilma [Rousseff]. Não tem condições de continuar assim".

    Naquele momento, o secretário da Educação, que liderava a implementação da proposta, já estava sem poder.

    Na quinta, Alckmin havia escalado o titular da Casa Civil para falar pelo governo em audiência pública sobre o tema, que seria feita semana que vem. A suspensão da reorganização foi tomada sem o aval de Voorwald.
    saída

    Em meio a esse cenário, o secretário entregou sua carta de demissão logo após o governador fazer o anúncio.

    Voorwald já havia sinalizado que gostaria de sair do governo ao fim do mandato anterior de Alckmin. Sem encontrar outro nome, o governador pediu que ele ficasse.

    O ex-reitor da Unesp decidiu continuar. Numa situação orçamentária desfavorável, não conseguiu oferecer proposta de reajuste salarial aos professores e enfrentou a maior da greve da história da categoria (três meses).

    Nesta sexta, Alckmin decidiu aceitar o novo pedido de saída. Auxiliares do governador dizem que o agora ex-secretário falhou na tentativa de conter os protestos contra reorganização. O novo titular ainda não foi escolhido.

    A amigos Voorwald afirma que a reorganização ficou insustentável após vazar a reunião em que seu chefe de gabinete, Fernando Padula, declarou que o governo venceria a "guerra" contra alunos.
    Voorwald, que não estava no encontro, reclama que havia membros do PSDB na reunião, que deveria ser técnica, com dirigentes de ensino.

    INCERTEZA

    O desfecho dos protestos é incerto. Nesta sexta, os estudantes que ocupavam as escolas defendiam manter o movimento, até que o governo desista totalmente do plano de reorganização.

    O Executivo disse que publicaria neste sábado (5) decreto suspendendo o processo -não terminando. Alckmin disse que negociaria em 2016 e o adotaria posteriormante.

    Em meio ao impasse, ainda não é possível saber quando o ano letivo terminará nos colégios ocupados, pois aulas deverão ser repostas.

    Mudanças suspensas

    Estudantes que seriam afetados pelas mudanças -

    Destino das 196 escolas ocupadas -

    divisão dos ciclos de ensino - Como é hoje e como seria, segundo a proposta

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