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    Aulas na Fernão Dias recomeçam com carteiras em círculos e debates

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    06/01/2016 12h36 - Atualizado às 18h05

    Depois de passar 55 dias ocupada por estudantes contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), a escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, retomou as aulas nesta quarta-feira (6).

    As aulas reiniciadas nesta quarta são reposições referentes ao período que os estudantes ficaram sem estudar por causa da ocupação. Segundo a direção do colégio, elas devem ocorrer até o dia 5 de fevereiro, inclusive aos sábados. O ano letivo começa em 15 de fevereiro –dez dias depois.

    Mas, de acordo estudantes ouvidos pela Folha, as aulas foram retomadas de uma forma menos formal e mais "humana" por parte dos professores. A primeira diferença é que, ao invés de fileiras, as carteiras de quase todas as salas agora estão organizadas em círculo, o que deixou os estudantes mais próximos dos professores.

    "A aula de hoje foi olho no olho. A relação entre a gente ficou mais íntima, nada do professor se isolar na frente da sala e a gente só escutar", afirmou o aluno do 2º ano do ensino médio Ighor Siqueira, 16. A medida será mantida ao longo do ano letivo caso haja um acordo entre os professores e estudantes.

    Os professores também aproveitaram o primeiro dia do retorno para fazer debates com os alunos sobre como o ensino pode melhorar no colégio e o que eles aprenderam com os protestos.

    De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, quatro escolas continuam ocupadas em protesto contra a reorganização. A pasta, porém, não informou quais são essas unidades. Duas delas já estão fazendo a reposição de aulas em outros colégios da região.

    A estudante do 2º ano do ensino médio do colégio Alana Aloe dos Anjos, 16, afirmou que a primeira impressão é que os alunos estão mais livres. "Os professores estão mais abertos a propostas, a conversas e debates. A estrutura da escola também melhorou porque antes não tínhamos nem papel higiênico nos banheiros e agora temos até para enxugar as mãos", contou.

    PROTESTOS

    O movimento de ocupação surgiu como protesto contra a medida da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) que fecharia 92 unidades de ensino e transferiria 311 mil alunos. Segundo o governo, há escolas ociosas, com menos alunos do que sua capacidade.

    As ocupações e protestos nas ruas fizeram com que Alckmin suspendesse a mudança, o que resultou também na saída do então secretário de Educação Herman Voorwald. Segundo o governo, depredações em 81 escolas causaram prejuízo de R$ 1 milhão.

    Apesar do recuo, parte das ocupações foram mantidas. Os alunos pediam a revogação definitiva do plano, e não apenas sua suspensão.

    Alunos de escolas ocupadas passaram o Natal e o Ano-Novo nas unidades. Na Fernão Dias, alunos fizeram uma ceia em volta de uma fogueira no pátio do colégio. Heudes Oliveira diz esperar que outras reivindicações sejam atendidas. Entre elas, a retomada de uma oficina de teatro que havia aos sábados na escola.

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