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    fuvest

    'Utopia' é tema da redação da segunda fase da Fuvest

    WALTER PORTO
    DE SÃO PAULO

    10/01/2016 13h50 - Atualizado às 18h28

    O tema da redação da segunda fase do vestibular da Fuvest, processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo) e Santa Casa, foi "As Utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas". Os candidatos deveriam escrever sobre sua eficácia e necessidade.

    "Eu acho que fui bem porque li [o livro de Aldous Huxley] 'Admirável Mundo Novo', então falei contra as utopias. É mais importante se preocupar com o agora," diz Erick Tengan, 19, que cursa física na USP e está tentando uma vaga em ciências biológicas.

    A prova (confira aqui ) cita o pensador inglês Thomas More (1478-1535), autor de "Utopia" (1516), cuja publicação completa 500 anos. Na primeira parte do livro, More faz uma devastadora crítica à situação política e social da Inglaterra. Na segunda, ele nos transporta para outra ilha, Utopia, onde reina uma sociedade ideal, que aboliu o dinheiro e abomina a guerra.

    Graças a este livro, a palavra "utopia" entrou para o vocabulário da humanidade. Com ela, ganhamos também um dispositivo crítico –o pensamento utópico–, que consiste em sempre submeter as sociedades concretas ao julgamento promovido por nossos ideais de felicidade.

    A vestibulanda Letícia Carvalho, 20, que presta matemática pela segunda vez, teve dificuldade. "É um tema muito abrangente. Tentei falar sobre a dificuldade de se aplicar uma utopia e como isso pode ser perigoso para um país."

    Felipe Kallas, 15, que fez a prova como treineiro de humanas, achou o assunto surpreendente. A prova não apresentou muita dificuldade para ele, em geral. "Não tinha nenhuma loucura."

    Gramática foi percebida pelos vestibulandos como mais fácil e literatura, como mais exigente. "As provas da USP são tradicionalmente assim", diz Tengan. Ele disse que havia muita interpretação de texto e cobrou-se comparação entre escolas literárias.

    Kallas, que por estar no primeiro ano do ensino médio não leu as obras obrigatórias, teve problemas para responder as questões de literatura. "As perguntas eram muito específicas. Teve uma que pediu uma análise sociológica baseada num trecho do [livro de Jorge Amado] 'Capitães da Areia'."

    Dos 25.967 candidatos convocados para a segunda fase do vestibular, compareceram à prova deste domingo (10) 23.908 –uma taxa de abstenção de 7,9%. O número é menor do que o registrado em 2015, quando 8,1% dos convocados faltaram ao primeiro dia de exame da segunda fase.

    ENTRADA

    Mesmo com a forte chuva que antecedeu o fechamento dos portões, a segunda fase do vestibular da Fuvest, processo seletivo da USP (Universidade de São Paulo) e Santa Casa, começou sem atraso no prédio do biênio da Escola Politécnica, na Cidade Universitária.

    O clima era de tranquilidade. "Antes tinha aquela ansiedade, mas agora que já sei como é, não estou muito nervoso," diz Marky Yudi, 19, que presta química pela segunda vez. "Dá pra ver que estou bem preparado, porque já passei pela primeira fase."

    O vestibulando Felipe Aued, 17, compartilha do sentimento. "Na primeira fase você estuda por mais tempo antes da prova, então fica mais nervoso. Agora, a maioria já foi eliminada."

    Rodrigo Siqueira, 28, que tenta matemática, está prestando a prova pela quinta vez. Nos anos anteriores, porém, prestou economia. "Resolvi mudar pra um curso de nota de corte mais baixa," diz, afirmando estar "extremamente tranquilo".

    Nem todos controlam tão bem o nervosismo. Angelina Souza, 24, já cursou biblioteconomia na USP e agora presta pedagogia. Ela diz que a faculdade ajuda na interpretação de texto e na redação de artigos, úteis nas provas do primeiro dia, de português e redação. "Mas a tensão é a mesma de quando prestei pela primeira vez," diz, rindo.

    A prova de português e redação é um desafio para Yudi, que diz achar o exercício de texto exigido pela Fuvest diferente dos vestibulares de outras faculdades. "Os outros têm uma fórmula pronta, pedem uma proposta de intervenção, então você consegue se preparar melhor. Na Fuvest, os temas são mais distintos."

    Rafael Rodrigues, 23, que tenta uma vaga em publicidade e propaganda, diz esperar que a redação tenha um tema social, em que ele "possa aplicar um conhecimento histórico". Aued diz achar que será abordado um tema relacionado à questão racial ou à imigração, que estiveram em voga em 2015.

    PESO MAIOR

    O exame deste domingo (10) é composto por dez questões de interpretação de texto, gramática e literatura, que valem 50 pontos, e uma redação, que vale outros 50 pontos. Proporcionalmente, é a prova que mais conta na nota final do vestibulando.

    PESO DAS MATÉRIAS NA PROVA DA FUVEST - Em %

    Em razão do vestibular, os horários de fechamento da avenida Paulista para circulação de carros foram alterados. A via será interditada às 13h, e não às 10h.

    Todas as questões da segunda fase são discursivas -na primeira fase, em novembro, as 90 questões eram de múltipla escolha. A duração será de quatro horas -a partir das 15h, no entanto, será permitido sair. As graduações que requerem habilidades específicas, como arquitetura, farão suas avaliações no dia 13.

    A primeira chamada dos aprovados no vestibular será divulgada em 2 de fevereiro.

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