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    Novo secretário da Educação de Alckmin adota tom conciliador

    THAIS ARBEX
    DE SÃO PAULO

    23/01/2016 02h00

    Bruno Poletti-28.nov.2014/Folhapress
    José Renato Nalini será o novo secretário da Educação
    José Renato Nalini assumirá Secretaria do Estado da Educação

    Ex-presidente do Tribunal de Justiça de SP, José Renato Nalini, 70, assume a Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) com um discurso de conciliação.

    Após recentes embates do Estado com alunos e professores, ele foi anunciado nesta sexta-feira (22) como substituto de Herman Voorwald, que deixou a pasta em dezembro em meio ao desgaste com as ocupações de quase 200 colégios –promovidas contra a reorganização da rede.

    "Vamos começar com muito diálogo, ouvindo a todos. Quero falar menos e ouvir bastante. Todos serão chamados colaborar", disse Nalini em entrevista à Folha. "Queremos retomar o status que as escolas públicas de São Paulo tinham no passado."

    Nalini comandará a pasta com a função de colocar em prática a promessa de "aprofundar o diálogo", feita por Alckimin ao suspender a reorganização da rede, prevista para este ano e adiada para 2017 depois da resistência de estudantes e professores.

    A medida prevê aumentar os colégios com ciclo único (só ensino médio, por exemplo), levando ao fechamento de 92 unidades e à transferência de 311 mil estudantes.

    O movimento de alunos contrários à mudança levou à ocupação de quase 200 escolas e resultou na queda de Voorwald. O nome do novo secretário só foi confirmado oficialmente após 48 dias.

    "Vou aproveitar esse interesse dos alunos para fazer da escola aquilo que tem que ser feito. Temos de transformá-las em centro de convergência de tudo o que acontece na comunidade, assim como nos países de primeiro mundo", afirmou Nalini.

    "Vou reivindicar para termos um debate aberto. Não é possível fazer emendas em coisas que começaram errado, como fechamento de salas. Se for a mesma reestruturação, não tem lógica", declarou a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha.

    DESGASTE

    Assessores de Alckmin avaliam que Voorwald não soube conduzir o processo da reorganização escolar, pulando uma das principais etapas, que era a conversa com os pais, alunos e professores.

    O antigo secretário também se desgastou ao enfrentar a mais longa greve de professores da história da rede paulista, que durou 89 dias, e ao afirmar que sentia "vergonha" dos resultados da educação em São Paulo.

    No fim do ano passado, auxiliares do tucano diziam que as ocupações das escolas tinham adquirido repercussão a ponto de disputar espaço com a discussão do impeachment de Dilma Rousseff.

    Nalini, que foi até o ano passado presidente do TJ, diz que "não foi fácil pedir aposentadoria depois de 45 anos de Justiça para aceitar este desafio", mas afirma se sentir "em casa", já que é professor desde 1969, quando começou no Instituto de Educação Experimental Jundiaí dando aula de sociologia em aperfeiçoamento para professores.

    Em meio à tensão no processo de reorganização das escolas, o TJ convocou reuniões de conciliação e decidiu não conceder a reintegração de posse pedida pelo governo.

    Doutor em direito constitucional pela Faculdade de Direito da USP, Nalini contava com o apoio do secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita (PMDB), que, apesar de estar na gestão Haddad (PT), é ouvido pelo governador, de quem já foi secretário.

    "A educação, que segundo a Constituição brasileira é responsabilidade de todos, está hoje muito a cargo do Estado. Quero fazer com que a sociedade e a família se empenhem mais. Vejo a educação como política de nação, de pátria", afirmou Nalini.

    Colaboraram KAIO ESTEVES, em Araçatuba (SP), e FELIPE SOUZA

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    CRONOLOGIA

    22.set
    Proposta inicial da secretaria da Educação prevê transferir 1 milhão de estudantes em 2016

    6.out
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    27.out
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    9.nov
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    13.nov
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    23.nov
    Justiça nega, pela segunda vez, reintegração de posse; ocupações chegam a 108 escolas

    24.nov
    O Saresp, prova da rede estadual, tem a menor adesão. SP diz que não pagará bônus a docentes

    25.nov
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    30.nov
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