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    Pós-graduação

    Sem plano de voo, carreira não vai ser satisfatória, diz economista

    SABINE RIGHETTI
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/01/2016 02h00

    É preciso criar um "plano de voo" profissional antes de decidir qual pós-graduação fazer, o formato do curso –especialização, mestrado ou doutorado– e a instituição.

    A opinião é do economista Murilo Cavellucci, diretor de gente e gestão da Catho.

    Segundo ele, a escolha da pós não pode estar relacionada a uma expectativa de ganho imediato. Pelo contrário: tem que estar atrelada sobretudo ao futuro da carreira.

    Leia abaixo trechos da entrevista à Folha.

    *

    Folha - Ao escolher a pós-graduação, como decidir entre especialização ou mestrado?

    Murilo Cavellucci - O que determina é o projeto de carreira. É preciso pensar onde queremos estar em cinco, dez anos. Em algumas carreiras, mais envolvidas com o desenvolvimento de uma tecnologia ou com estudos aprofundados, a formação científica e a titulação –do mestrado e do doutorado– fazem mais sentido. É o caso de médicos e professores, por exemplo.

    Agora, se a pessoa é formada em uma área como contabilidade e quer seguir carreira em gerência financeira, faz mais sentido cursar uma pós em gestão do que um doutorado em contabilidade.

    Para decidir, então, é preciso projetar o futuro da carreira?

    A vida profissional tem de ser pensada como um plano de voo. Muitas pessoas esperam as coisas acontecerem para depois tomarem decisões. Isso faz com que a carreira não seja satisfatória porque não é planejada. Fazer a pós-graduação porque se quer um aumento de salário também não é uma decisão correta. O ganho financeiro é uma consequência.

    Como escolher um MBA?

    É preciso ter em mente qual é o objetivo do MBA. Para ter retorno do investimento pessoal e financeiro, é preciso buscar uma área que o diferencie dos demais profissionais. Se a ideia for crescer na mesma carreira, a escolha do curso tem que estar alinhada com suas áreas de atuação.

    Quanto à busca da instituição, há algumas ferramentas de aferição de desempenho que podem ser usadas. A própria Folha tem o RUF [Ranking Universitário Folha], que pode ajudar a conhecer a reputação das instituições.

    Se a pessoa está em dúvida sobre dois programas, sempre digo: procure alguém que tenha feito cada um deles e converse com essas pessoas.

    Modalidade dos curso de pós-graduação

    Faz sentido fazer graduação em uma área do conhecimento e pós-graduação em outra?

    Vejo essa mudança com bons olhos. Isso fala muito sobre o perfil do profissional. Uma pessoa que se mantém estudando pode passar qualquer imagem, menos a de alguém acomodado. Não sei, porém, se todas as empresas avaliam a mudança de modo positivo. Essa atitude diz mais sobre traços pessoais do que sobre a carreira. No fim, pode não contribuir para o desempenho do profissional.

    Se o profissional é formado em uma área, mas gosta muito de outra, deve fazer uma nova graduação ou uma pós?

    Depende. Se for por hobby, um curso de pós-graduação pode ser suficiente. Mas se a pessoa quiser mudar de carreira e houver uma distância grande entre a área atual e a pretendida, então é recomendável uma nova graduação.

    O mercado está preparado para formação multidisciplinar? E os concursos públicos?

    Nos concursos públicos, a avaliação é rígida: ou você tem formação ou não tem. E aí algumas injustiças são feitas. Há candidatos gabaritados que não podem assumir cargos porque não têm títulos específicos. Já as empresas, em geral, estão mais interessadas na capacidade do profissional de resolver problemas do que no diploma.

    É melhor fazer a pós na mesma instituição da graduação ou em outra?

    A mudança, em si, não faz diferença. O que conta é a reputação da escola. Alguém que fez tudo numa instituição fraca é mais mal avaliado do que quem fez a graduação em escola ruim e mudou na pós.

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