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    Pós-graduação

    'Caçador de tendências' é tema queridinho de cursos de extensão

    BRUNO VIEIRA FEIJÓ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    01/02/2016 16h29

    Caçar tendências, nos últimos anos, virou uma profissão. O "coolhunter" (junção das palavras em inglês "descolado" e "caçar") é um tipo de futurólogo especializado em encontrar o que há de mais empolgante e promissor em determinadas áreas, como moda, decoração e design, e ajudar empresas a aproveitar a onda antes da concorrência.

    Foi com base nessa premissa que ao menos oito instituições passaram a oferecer cursos de extensão em gestão de tendências e "coolhunting" —ESPM, FAAP, Senac, Belas Artes, Escola Panamericana, IED (Istituto Europeo di Design), Santa Marcelina e Escola São Paulo. A duração varia de um dia a uma semana.

    A PUC-PR, em Curitiba, é a única que aborda o assunto na modalidade de especialização, com carga horária de 376 horas divididas em um ano e meio. Entre as disciplinas estão temas como economia criativa, psicologia e etnografia do consumo e pesquisas quantitativa e qualitativa. Em todos os cursos, são programadas saídas de campo, chamadas de safári urbano, em que os alunos escolhem um bairro da cidade e fazem uma caminhada para observar e registrar sinais de comportamentos presentes nas pessoas, nas ruas e nos produtos.

    "O método de caçar tendências não é novo, mas a busca de empresas por profissionais especializados no tema é recente e em expansão na última década", explica Lorena Mello Borja, coordenadora de curso na FAAP.

    Os setores relacionados com moda (vestuário, artigos esportivos, perfumaria e cosmética) são os que mais empregam "coolhunters". "Diferente das pesquisas tradicionais, não ficamos perguntando o tempo todo o que o consumidor quer. Ele não sabe o que quer. Por isso, nosso trabalho é observar e fazer uma análise não só mercadológica, mas também humana e sociológica", diz Borja.

    Modalidade dos curso de pós-graduação

    Criados inicialmente para atrair graduados em design, arquitetura, relações públicas, fotografia e artes plásticas, os cursos têm ganhado uma variedade maior de público nos últimos anos, incluindo empreendedores e diretores de empresas.

    "Antecipar novidades interessa a qualquer um, de qualquer profissão e qualquer negócio. É essencial para inovar, imaginar os próximos movimentos da concorrência e propor ideias de produtos e serviços como resposta", diz a jornalista Sabina Deweik, precursora do método no Brasil e responsável por criar o primeiro curso sobre "coolhunting" no IED e na Escola São Paulo.

    Formado em comunicação social, o consultor de marcas André Alves, 34, já fez vários cursos de "coolhunting" e acredita que eles foram essenciais para sua carreira em agências de publicidade e de pesquisas como Mccann Erickson, LiveAd e Box 1824.

    "Ganhei noções de ferramentas que a graduação em si não costuma passar, como o método Delphi, que faz previsões qualitativas, e aplicações de pesquisas em design de moda e design de produtos", diz Alves.

    Há seis meses, ele pediu demissão da agência onde estava como diretor para trabalhar como consultor freelancer especializado em coolhunting. "No cenário social dinâmico como o que vivemos hoje, há um interesse emergente nas empresas em entender como pensar sobre o futuro", diz Alves.

    "Muita gente fica surpresa ao saber que existem métodos e uma abordagem sistemática para explorar o assunto."

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