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    Com boicote de secundaristas, Saresp foi feito por 80% dos estudantes

    DE SÃO PAULO

    05/02/2016 02h01

    Base para a composição do indicador de qualidade do ensino paulista, as provas do Saresp foram aplicadas em novembro passado, em meio à ocupação de colégios e protestos contra a reorganização do sistema, então em curso -o governo depois recuou.

    Estudantes e Apeoesp (sindicato docente) pregaram boicote ao exame. Uma das alegações era que a comparação com anos anteriores ficaria prejudicada, pois 300 mil alunos mudariam de colégio e 94 seriam fechados.
    O índice de participação no exame foi de 80%, ante 85% no anterior. O índice já havia sido de 90%, em 2009. A taxa de presença foi a menor desde ao menos 2007.

    Segundo levantamento da Secretaria de Educação, em 176 dos 5.000 colégios a prova não foi aplicada devido aos protestos. Os manifestantes pregavam o não comparecimento ao exame ou a não resolução das questões.

    Infográfico: Participação de alunos no Saresp

    A secretária-adjunta de Educação, Cleide Bochixio, afirmou que os estatísticos fizeram análises sobre o boicote e concluíram que ele não foi relevante no resultado.

    A análise, disse ela, foi feita pela Vunesp, fundação ligada à Unesp, responsável pela aplicação do Saresp.

    Especialista em avaliação educacional, Ocimar Alavarse afirma que, com os dados divulgados até agora, não é possível assegurar que o protesto não tenha tido efeito.

    "Se os estudantes que boicotaram estavam entre aqueles com menor desempenho, o Idesp sobe artificialmente. Mas também pode ocorrer o contrário: se são os melhores que faltaram, o índice fica subdimensionado", disse Alavarse, docente da USP.

    A solução, afirma o pesquisador, seria a secretaria divulgar o estudo estatístico.

    Coordenador de avaliação da secretaria, Olavo Nogueira diz que a Vunesp fez simulação tirando das médias de 2014 os 176 colégios em que não houve Saresp no ano passado. A ideia era estimar o impacto desse boicote. "Não foi encontrada nenhuma diferença estatística", disse.

    Em outra frente, os técnicos analisaram casos de alunos que foram ao exame em 2015, mas rasuraram ou não entregaram a prova. Segundo Nogueira, o montante não foi considerado relevante.

    E as provas que foram entregues mesmo rasuradas foram computadas, o que teoricamente diminuiria notas.

    Em relação à diferença entre os desempenhos em matemática e português (as médias na primeira cresceram bem mais que na segunda), Nogueira disse que a situação tem de ser alvo de análise da pasta. Mas os técnicos externos não viram problemas.

    "Foram efetivamente implementadas medidas novas em 2015, como o reforço por meio da tecnologia, que nos dá segurança da melhoria", afirmou o coordenador.

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