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    Minha História

    Mariana Bigolin Groff, 14

    Atleta de cálculos, gaúcha de 14 anos se prepara para mundial

    (...) Depoimento a
    PAULA SPERB
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE

    21/02/2016 02h00

    Edu Andrade/Folhapress
    A jovem Mariana Groff, 14, em seu colégio em Porto Alegre
    A jovem Mariana Groff, 14, em seu colégio em Porto Alegre

    RESUMO A gaúcha Mariana, 14, coleciona 11 medalhas em ciências exatas, incluindo uma de ouro na Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas).

    Encontrou seu próprio método de estudo e chegou a acompanhar aulas em uma universidade federal como ouvinte. Por causa dos prêmios, deixou Frederico Westphalen (a 365 km de Porto Alegre) para estudar na capital. Quer mostrar que as meninas são tão capazes de ter sucesso em matemática quanto os garotos.

    *

    Estudar nunca foi uma obrigação. No começo, não era apaixonada por matemática, mas nunca tive dificuldade. Nas séries iniciais eu era uma aluna participativa, me dava bem com os colegas. Estudei em Frederico Westphalen até o nono ano. No quinto ano, a professora percebeu que eu tinha um ótimo desempenho e rapidez para aprender. Ela propôs, então, que eu pulasse o sexto ano.

    Dessa forma, eu iria direto para a sétima série do ensino fundamental. Eu fiz todas as provas e passei. Mas o regimento do meu colégio não permitia essa troca. Então, em janeiro de 2013, fiz todas as provas de novo em outra escola, a estadual Cardeal Roncalli, e consegui de novo.

    Eu passei as férias de verão estudando por conta. Foi um ano inteiro em um mês. Foi por causa disso que virei autodidata. Já não preciso apenas do que o professor fala em sala de aula. Essa habilidade me ajudou muito na preparação para as olimpíadas de que participei.

    Comecei do zero e descobri que sabia mais que alguns colegas que cursaram a sexta série. Eu temia não saber os conteúdos, mas fui percebendo que eu sabia.

    Eu não gosto de apenas ficar lendo. Gosto de ver vídeos e fazer resumos. Mas o método que eu descobri que funciona comigo é fazer provas simuladas. Eu adoro simuladas! Para estudar história, porém, prefiro ter aulas. É muito mais abrangente.

    OURO E FACULDADE

    Minha primeira medalha de ouro veio aos 12 anos. Fui avisada pela professora de que teria prova da primeira fase apenas na véspera, mas consegui passar para a segunda fase. Estudei nos finais de semana até conquistar a medalha de ouro da Obmep.

    Um ponto importante foi ter entrado na universidade. Não como aluna regular, mas como ouvinte. O professor aceitou que eu assistisse às aulas de lógica de programação. No final, eu tirava as minhas dúvidas.

    A turma era formada por cerca de 60 universitários do curso de sistemas de informática da Universidade Federal de Santa Maria, no campus da minha cidade.

    Eu desenvolvi o raciocínio lógico e conseguia simplificar os problemas na minha cabeça para resolvê-los. Depois da primeira medalha, comecei a descobrir sozinha outras olimpíadas. Eu fui a primeira menina que conseguiu o ouro de nível dois (8º e 9º anos) da OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática). São 11 medalhas, e devo ganhar mais duas. Os prêmios já não são apenas de matemática, mas de química, física, astronomia e informática.

    Em 2017, o Brasil irá sediar pela primeira vez a IMO (Olimpíada Internacional de Matemática). Estou na seletiva para a equipe brasileira. Por isso, tenho aulas duas vezes por semana por Skype com um tutor do Rio.

    IMPULSO

    A primeira medalha de ouro foi a mais importante para mim. Ela me motivou a me mudar para Porto Alegre, para estudar no Colégio Militar. Hoje estou no primeiro ano do ensino médio.

    Ainda não sei qual carreira seguir, mas acho que não será na área de exatas. Gosto de humanas. Quero tentar ajudar a sociedade através da educação. Meus pais me dão muito apoio e minha irmã, de 11 anos, já ganhou medalha também. Meu irmão, de nove, não gosta muito disso.

    Mas só estudar é cansativo. Eu gosto de correr, me dá energia e alivia o cansaço. Pratico patinação, já fiz teatro, dançava em um CTG (Centro de Tradições Gaúchas). Toco violão e gosto de Legião Urbana e Engenheiros do Hawaii.

    Nas premiações, é comum que eu seja a única menina no palco. Quero mostrar para as garotas que matemática não é coisa de menino. Mesmo que alguém diga que você não pode, precisamos lembrar que temos as mesmas condições de ganhar.

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